Em Gaza, fome atinge também animais do zoológico local – 02/01/2024 – Mundo – EERBONUS
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Em Gaza, fome atinge também animais do zoológico local – 02/01/2024 – Mundo

No zoológico de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, dezenas de habitantes desamparados do território acampam entre as jaulas onde macacos, papagaios e leões famintos clamam por comida quase três meses após a o início da ofensiva de Israel em resposta ao ataque do Hamas no dia 7 de outubro.

Quase todos os 2,3 milhões de habitantes de Gaza foram expulsos de suas casas sob um bombardeio que reduziu grande parte do território a escombros. Muitos agora se amontoam em Rafah, na fronteira com o Egito, com seus abrigos ocupando esquinas e terrenos vazios.

No zoológico privado administrado pela família Gomaa, uma fileira de tendas de plástico fica perto das jaulas dos animais, e roupas penduradas em varais entre as palmeiras. Perto dali, um trabalhador tenta alimentar um macaco fraco com fatias de tomate na mão.

Muitos dos se abrigam no zoológico são membros da família Gomaa estendida, que viviam em diferentes partes de Gaza antes de o conflito destruir suas casas.

“Há muitas famílias que foram completamente dizimadas. Agora toda a nossa família está ficando neste zoológico”, disse Adel Gomaa, que fugiu da Cidade de Gaza, capital do território, no norte. “Viver entre os animais é mais misericordioso do que o que recebemos dos aviões de guerra no céu.”

Quatro macacos já morreram e um quinto está tão fraco que nem consegue se alimentar quando há comida disponível, diz o dono do zoológico, Ahmed Gomaa.

Ele também teme pelos seus dois filhotes de leão. “Alimentamos eles com pão seco embebido em água apenas para mantê-los vivos. A situação é realmente trágica.”

A mãe dos filhotes perdeu metade do seu peso desde o início do conflito, passando de refeições diárias de frango para porções semanais de pão, acrescenta Ahmed.

Um relatório apoiado pela ONU na semana passada alertou que toda a população de Gaza enfrenta vários níveis de crise de fome. Israel interrompeu todas as importações de alimentos, medicamentos, energia e combustível para o território no início da guerra, uma extensão do bloqueio que já realizava antes de o conflito eclodir.

Embora agora permita a entrada de ajuda no enclave, verificações de segurança, gargalos na entrega e a dificuldade de se mover pelos escombros de uma zona de guerra têm dificultado o fornecimento. Muitos palestinos dizem que não se alimentam todos os dias.

No zoológico, a leoa e seus filhotes deitam-se apaticamente em sua jaula enquanto as crianças brincam por perto.

Animais estão morrendo e adoecendo todos os dias, disse Sofian Abdeen, um veterinário que trabalha no zoológico. “Casos de desnutrição, fraqueza, anemia. Esses problemas são generalizados. Não há comida.”

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