Nesta quarta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o conflito incessante em Gaza já provocou insegurança regional e é uma evidência clara de que a comunidade internacional precisa apoiar uma solução de dois Estados no Território Palestino Ocupado para resolver a crise “de uma vez por todas”.
Falando no Fórum Econômico Mundial anual em Davos, na Suíça, o chefe da ONU condenou os ataques “bárbaros” liderados pelo Hamas em 7 de outubro, nos quais cerca de 1,2 mil pessoas morreram no sul de Israel e cerca de 250 foram tomadas como reféns.
Transbordamento do conflito na região
Segundo agências humanitárias da ONU, intensos bombardeios israelenses seguem em curso, deixando dezenas de milhares de civis mortos. A organização emitiu nas últimas semanas repetidos alertas humanitários sobre alto risco de fome e doenças entre as 1,9 milhão de pessoas deslocadas.
Em Davos, Guterres disse que “já estão ocorrendo” “transbordamentos” do conflito na região de forma mais ampla.
Para o líder das Nações Unidas, um confronto total entre Israel e o Líbano “seria um desastre total”. A troca de tiros e o lançamento de foguetes na fronteira entre os dois países já custaram vidas.
Compromisso da comunidade internacional
Qualquer escalada “precisa ser evitada a todo custo”, disse o secretário-geral. Ele afirmou ainda que os ataques de combatentes houthis no Iêmen a navios no Mar Vermelho demonstraram que todos os esforços feitos até agora para resolver a crise de Gaza “não foram suficientes”.
Guterres disse que é muito importante abordar a situação humanitária em Gaza e é fundamental ter um cessar-fogo humanitário.
O chefe da ONU defendeu também um “compromisso total da comunidade internacional para que uma solução de dois Estados exista em Israel e na Palestina como base para um Oriente Médio estável e pacífico para o benefício de todos”.
Respeito à integridade territorial
Guterres enfatizou que a única maneira de israelenses e palestinos viverem juntos em segurança “é se cada um deles tiver um Estado”. Ele traçou um paralelo com outros conflitos atuais, destacando a importância de respeitar a integridade territorial dos países, em particular da Ucrânia, quase dois anos após a invasão em grande escala pela Rússia.
O secretário-geral disse que em diversas guerras, incluindo na Ucrânia, no Sudão e em Gaza, “as partes em conflito estão ignorando o direito internacional, atropelando as Convenções de Genebra e até violando a Carta das Nações Unidas”.
Guterres complementou sua análise dizendo que as divisões geopolíticas se tornaram uma grande ameaça para a economia global “vacilante”.