A Organização Mundial da Saúde, OMS, emitiu uma nota nesta terça-feira, reconhecendo o Brasil por ter eliminado a filariose linfática como problema de saúde pública.
O diretor geral da agência disse que “eliminar uma doença é uma conquista importante que exige um compromisso inabalável”. Tedros Ghebreyesus parabenizou o Brasil pelos esforços para “libertar seu povo do flagelo dessa doença dolorosa, desfigurante, incapacitante e estigmatizante”.
Meta de eliminação de doenças socialmente determinadas
Em depoimento para a ONU News, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, reforçou a importância do reconhecimento da OMS.
“Nós estamos então muito felizes com esse reconhecimento. É a primeira doença que está sendo eliminada no Programa Brasil Saudável. Nós estamos trabalhando para que outras também sejam eliminadas até 2030. Então é um passo muito importante nessa iniciativa de eliminação que o Brasil colocou como prioridade”.
Segundo ela, no ano passado foi criado um comitê com nove ministérios para a eliminação da Tuberculose e outras doenças “socialmente determinadas”, como as doenças negligenciadas. A filariose linfática, também conhecida como elefantíase, era uma delas.
Rastreio do último caso
“A filariose então nós fizemos toda a análise, principalmente no último município que tinha tido caso, que é Jaboatão dos Guararapes, e no ano passado, em novembro do ano passado, nós entregamos ao diretor da Opas, Dr. Jarbas, esse dossiê com todas as informações que mostravam todos os passos do Brasil que tinha tomado para a eliminação da doença. Em relação ao seguimento do último caso, todos os contatos e ampliação de diagnóstico, todos negativos”.
O dossiê foi avaliado por um comitê independente que fez algumas perguntas sobre diagnóstico e segmento de casos.
Após o envio das respostas pelo Brasil, o comitê deu o parecer favorável e a certificação de eliminação foi assinada pelo diretor-geral da OMS. Segundo Tedros, a conquista do Brasil “dá esperança a muitas outras nações”. O país agora se junta a outros 19 países que também eliminaram a enfermidade.
A filariose linfática é uma doença parasitária debilitante transmitida por mosquitos. Durante séculos, esta doença afligiu milhões em todo o mundo, causando dor, inchaço crônico, incapacidade grave e estigmatização social.
Fase pós-eliminação
Nas últimas décadas, o Brasil implementou ações integradas para eliminar a doença, incluindo a distribuição em massa de medicamentos antiparasitários, atividades de controle de vetores e vigilância. O país alcançou o fim da transmissão em 2017.
A eliminação da filariose linfática era um dos objetivos do “Brasil Saudável”, programa de governo criado em 2024 como uma das ações do Comitê Interministerial montado no ano passado.
O programa foi lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em cerimônia com a participação do diretor-geral da OMS e do diretor da Organização Pan-Americana da Saúde, Opas.
Na fase pós-eliminação da filariose linfática, Brasil, Opas e OMS continuarão monitorando de perto o possível ressurgimento de infecções.
Oncocercose na população Yanomami
Ethel Maciel afirmou que outras doenças que o país pretende eliminar incluem a malária, que ainda está concentrada em 30 cidades brasileiras, e a oncocercose, que afeta especialmente a população indígena yanomami.
A oncocercose também é conhecida como “cegueira do rio”, pois é causada por parasitas bem pequenos que penetram causam danos à pele e aos olhos incluindo a perda irreversível da visão.
A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente revelou que o Brasil está discutindo um convênio com a Venezuela, pois a eliminação da doença requer esforços conjuntos na fronteira. O acordo em discussão conta com apoio da Opas.