Donald Trump aproveitou seu encontro com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, em seu resort em Mar-a-Lago, na Flórida, nesta sexta-feira (26), para condenar as críticas que Kamala Harris tinha feito à atuação do Estado judeu na guerra na Faixa de Gaza ao se reunir com o premiê na véspera.
“Acho que os comentários dela foram desrespeitosos”, disse o empresário sobre a vice-presidente americana. A democrata se tornou a provável rival do republicano nas eleições de novembro desde o domingo (21), quando o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, decidiu abandonar a disputa.
Trump se referia a uma declaração que Kamala fez a jornalistas após sua reunião com Netanyahu na quinta (25), em Washington. Então, ela disse ter sido franca com o premiê israelense, dizendo que seu país tinha direito à autodefesa para que ela não se silenciaria em relação à crise humanitária na faixa palestina.
O tom incisivo da vice agradou os eleitores democratas que são críticos ao apoio do governo americano a Tel Aviv e têm esperança de que ela proponha uma mudança na relação entre os dois países caso seja eleita. E contrastou com a postura amigável que Biden demonstrou ao conversar com Bibi, como o dirigente israelense é conhecido, no Salão Oval da Casa Branca horas antes.
Esta foi a primeira viagem oficial de Netanyahu aos EUA desde que ele foi reconduzido ao cargo de premiê, em dezembro de 2022. Seus desentendimentos com Biden datam praticamente desde então, o que colaborou para que o americano demorasse mais de seis meses para convidar o israelense para uma ida à Casa Branca.
É muito mais do que o usual para ocupantes de sua função —Washington é o maior aliado externo de Tel Aviv desde os anos 1970. Até o presidente israelense, um cargo sobretudo cerimonial, foi convocado para ir à Casa Branca antes dele, em julho passado.
Netanyahu aterrissou em solo americano na segunda-feira (22). O momento de sua visita se dá após duas semanas de grandes reviravoltas em Washington, período que incluiu a tentativa de assassinato de Trump em um comício, o anúncio da desistência de Biden e a consolidação de Kamala como principal candidata a concorrer à Presidência pelos democratas.