Antes mesmo de as urnas serem fechadas neste domingo (4), El Salvador já contava com a reeleição de Nayib Bukele, 42, presidente licenciado do país.
Depois, pesquisas de boca de urna da CIP Gallup atribuíram a ele 87% das intenções de voto, e ele mesmo declarou a própria vitória, dizendo nas redes sociais que havia ganhado com mais de 85% dos votos.
Logo após o anúncio, fogos de artifício estouraram nos céus de San Salvador, e o líder chamou seus apoiadores para se reunir em frente ao Palácio Nacional, onde um palco foi montado ao longo dos últimos dias.
Apesar da ausência de resultados oficiais, a China parabenizou Bukele pelo triunfo. “Estendemos nossas mais sinceras congratulações ao presidente Nayib Bukele e seu partido Novas Ideias por sua vitória histórica nestas eleições”, escreveu a embaixada do país em San Salvador no X.
Se confirmado o êxito, o publicitário de formação se tornará o primeiro líder em 80 anos a ser reconduzido ao cargo no país —a despeito do veto a reeleições previsto pela Constituição.
Em um encontro com jornalistas uma hora depois do fechamento das urnas, o líder negou, no entanto, estar acabando com a democracia. Pelo contrário: “Esta é a primeira vez na história que temos democracia”, declarou. “E não sou eu quem diz isso, é o povo.”
Na mesma ocasião, Bukele disse considerar “desnecessária” uma reforma constitucional para incluir reeleições indefinidas —possibilidade que seus críticos dizem temer. E reforçou sua bandeira de combate ao crime, principal razão apontada para sua enorme popularidade no país.
“Se já superamos nosso câncer, com as metástases que eram as gangues, agora só precisamos nos recuperar e ser a pessoa que sempre quisemos ser”, disse. “Acredito que agora, após meio século de sofrimento, é hora de El Salvador avançar.”
Os principais adversários do publicitário de formação no pleito eram Manuel Flores, da FMLN (Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional), e Joel Sánchez, da Arena (Aliança Renovadora Nacional), membros das tradicionais siglas da esquerda e da direita salvadorenha, respectivamente.
Quando Bukele anunciou a vitória, havia apenas resultados de centros de votação isolados, sem progressos nos cômputos totais. A Arena não havia se manifestado, e a FMLN disse que esperaria que a apuração evoluísse.
Na sede da FMLN, partido que lançou Bukele, o clima era melancólico. Ao longo da apuração, algo em torno de 20 pessoas passaram pela sede da legenda pelo qual o presidente licenciado adentrou a política, como prefeito de Nuevo Cuscatlán, cidade nos arredores da capital, em 2012.
“Novas Ideias. Novas Ideias. Novas Ideias”, diziam os membros das juntas eleitorais que faziam a contagem de votos transmitida pela TV local. De vez em quando, ouvia-se um “Arena”, ou “FMLN” no aparelho com som estourado.
“Não temos resultados oficiais ainda, mas pela contagem já dá para saber que a votação arrasou a oposição”, afirmou Antônio Arteaga, 67.
Membro de um comitê do partido em Los Angeles, o aposentado foi o que assistiu por mais tempo às análises políticas dos apresentadores na televisão entre os presentes. Na maior parte do tempo, os militantes passavam pela sala de piso frio, encostavam no púlpito com o logo da sigla, e iam para outros cômodos.