O espanhol Rodri, 28, volante do Manchester City (Inglaterra), melhor jogador de sua posição na atualidade e um dos favoritos a ganhar a Bola de Ouro (prêmio de melhor do mundo), afirmou que os futebolistas estão próximos de deflagrar uma greve.
Motivo: o excesso de partidas no calendário europeu e mundial. Nesse cenário, os atletas ficam cansados e não têm condição de apresentar o desempenho ideal.
Deduzo que Rodri se refere a uma paralisação dos principais clubes europeus. De times que atuam nas elites inglesa, espanhola, italiana, alemã, francesa. Afinal, é nelas que atuam os grandes nomes do futebol mundial.
Desse modo, ao me deparar com essa declaração, desacreditei. Soa como um tremendo disparate, um verdadeiro acinte.
Como jogadores que jogam pelos principais clubes do mundo, que recebem salários exorbitantes na comparação com profissionais da mesma área (ou de qualquer outra área), podem pensar em greve?
Isso sem considerar o que faturam em contratos de imagem e com patrocínios, também na casa dos milhões.
Rodri, por exemplo, recebe do Man City a “bagatela” de R$ 5,2 milhões mensais, e o clube planeja dobrar esse valor em uma renovação.
Não sei como você, leitor(a), conduz sua vida financeira nem quais são suas pretensões, mas eu, com dois meses do salário de Rodri, aposento-me e vivo com folga.
Aplico na poupança (investimento megaconservador) e tiro “limpo” R$ 50 mil por mês, conservando o montante inicial. Resolvo minha vida, a da minha família e ainda vou ajudar a sociedade com algum projeto.
Greve, em qualquer categoria, se faz primordialmente por melhor remuneração e também por condições de trabalho decentes. Futebolistas top não podem reclamar disso (ótimos salários) ou daquilo (ótimos centros de treinamento).
O alegado “excesso de partidas”, que é argumento somente para uma minoria dos clubes, é balela, queixa de quem vive “de barriga cheia”.
Não desconsidero que jogar demais amplia, sim, a fadiga muscular, o que pode aumentar a chance de lesão. Pois bem. Ao se depararem com um calendário inchado (é e será assim, futebol é negócio), que os futebolistas joguem menos vezes.
Basta clubes e sindicatos estabelecerem um limite de partidas para cada atleta: se forem 44 por temporada, divididas em 11 meses, joga-se uma vez por semana. Não parece nada exagerado.
O clube está em várias competições e joga mais vezes? Dê enfoque à gestão de elenco. Poupe os melhores jogadores para as partidas mais relevantes, decisivas. Quando um craque não joga, abre-se oportunidade para um novo surgir.
Haverá quem lembre: não tem só partida de clube, tem partida pela seleção –amistosos, eliminatórias, competições internacionais.
A solução é simples: o jogador está cansado? Recuse a convocação. Ninguém é obrigado a aceitar. Diga: “Estou exausto. Não vou. Prefiro me poupar”. Que jogue outro, menos estafado. Até porque o patriotismo já era, ficou no passado.
Rodri, como seus pares na elite europeia, ganha horrores com o futebol. Faz atividade física, pratica o esporte de que gosta, quase diariamente.
Viaja, conhece outras cidades, outros países, e nessas viagens tem tudo pago pelo clube (transporte, hospedagem, alimentação). É famoso, muitas vezes querido, idolatrado.
Assim, em boa parte do tempo, une o útil ao agradável. E tem, como é praxe para o trabalhador, férias de um mês.
Tudo isso para jogar bola. Pô! Quantos não dariam tudo para estar no lugar dele? Maquinar uma greve, não há como pensar de outra forma, é ultrajante.
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