Com uma vitória por 2 a 0 sobre o Independiente Santa Fe, no sábado (19), o time feminino do Corinthians conquistou a Libertadores. Poderia ter sido muito mais, uma goleada, tamanha a superioridade das Brabas diante das adversárias colombianas.
A lamentar, somente o estádio quase vazio na decisão do torneio que vale o título continental, que merecia uma arena cheia. Não tinha quase ninguém no Defensores del Chaco, cuja capacidade é para mais de 42 mil torcedores.
Culpa da Conmebol (a confederação sul-americana), que decidiu organizar a Libertadores –a feminina difere da masculina e é curta, com duração de 17 dias e 16 participantes, em sede única– no Paraguai.
Era previamente sabido que a audiência nos estádios, não divulgada pela Conmebol, seria baixa. E futebol sem torcida perde muito de seu encanto.
Se a competição tivesse sido no Brasil, onde o interesse pelo futebol praticado pelas mulheres vem crescendo (também na mídia, mesmo que lentamente), certamente haveria mais torcedores nas partidas, e uma final com um time brasileiro provavelmente teria casa cheia.
Estranhamente, a IFFHS (Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol) registra que Corinthians x Santa Fe teve 44.164 espectadores, um erro crasso, já que a arena em Assunção não comporta esse público e as imagens mostram as arquibancadas às moscas.
Já faz um tempo que o Corinthians, que formou a base da seleção brasileira vice-campeã olímpica neste ano, nos Jogos de Paris, é dominante nos campeonatos femininos.
É o atual pentacampeão do Brasileiro, ganhou quatro dos cinco últimos Paulistas e três das cinco mais recentes Libertadores.
Essa dominância, contudo, não tem permissão para se estender além da América do Sul.
Seria fantástico ver as Brabas, com jogadoras do nível de Vic Albuquerque, Yasmin, Duda Sampaio, Yayá, Gabi Zanotti e Jheniffer, duelando com alguma potência europeia, como Barcelona ou Lyon, em uma possível decisão pela taça mundial.
Só que essa possibilidade não existe devido à inexistência de um Mundial feminino de clubes.
Até houve uma competição internacional, organizada pela Associação Japonesa de Futebol, que reuniu na década passada equipes de destaque de Ásia, Oceania, Europa e América do Sul.
Ela não tinha chancela da Fifa e não progrediu além de três edições (de 2012 a 2014), coroando como campeões o Lyon (França), o Kobe (Japão) e o São José (Brasil), que superou o inglês Arsenal na final em Tóquio (para um público modesto, de 1.365 torcedores).
Há, contudo, uma esperança. O Mundial pode passar a existir a partir de 2026, ano em que a Fifa promete promover a edição inaugural de um campeonato com 16 clubes.
O torneio masculino, a entidade máxima do futebol organiza desde 2000, quando o Corinthians de Dida, Vampeta, Rincón, Marcelinho Carioca, Edílson e companhia se sagrou campeão.
Anualmente, ele existe desde 2005, e a partir de 2025 terá 32 times (até 2023 eram sete equipes) e ocorrerá de quatro em quatro anos.
Em maio deste ano, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, declarou ser “crucial” a realização de um Mundial feminino, a fim de dar mais força ao desenvolvimento do futebol das mulheres ao redor do planeta.
A ideia é que o torneio ocorra em janeiro de 2026, reunindo as equipes que obtiveram os melhores resultados em seus respectivos continentes em 2025.
Caso o Mundial feminino seja confirmado, acredito haver chance razoável de o Brasil ser eleito como sede, já que o país receberá, em 2027, a Copa do Mundo de seleções e seria uma oportunidade de treinar para esse evento, testando por exemplo a organização e os estádios.
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