O dólar terminou o dia cotado a R$ 5,02, maior valor desde 31 de outubro de 2023. A alta da moeda dos Estados Unidos ocorre na abertura da semana em que devem ser anunciadas novidades nas políticas econômicas brasileira e norte-americana. Na quarta-feira (20), tanto o Copom (Conselho de Política Monetária), do Banco Central do Brasil, quanto o Fed (Federal Reserve), dos EUA, decidem as novas taxas básicas de juros das respectivas economias.
A taxa Selic deve sofrer uma nova redução, de 0,5 ponto percentual, ficando em 10,75%. Nos Estados Unidos, os juros devem permanecer entre 5,25% e 5,5% ao ano.
No Brasil, deve ser a sexta queda de juros seguida desde agosto de 2023. Se confirmado, o índice será igual ao de fevereiro de 2022.
Em dezembro, diretores do órgão já haviam projetado reduções da taxa para os encontros seguintes. “Os membros do comitê concordaram, unanimemente, com a expectativa de cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, informou a ata do encontro daquele mês.
A avaliação considerou que a taxa Selic é o principal instrumento da política monetária para determinar a inflação na economia brasileira. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e desestimulam novas opções de investimento.
A inflação no Brasil encerrou 2023 em 4,62%, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), medidor oficial. O valor é 0,13 pontos percentuais abaixo do teto da meta, que foi de 4,75%. Com a manutenção da queda do índice, a expectativa é de que a Selic continue em baixa.
Diante da sequência de queda dos juros, o comitê notou que houve “progresso desinflacionário relevante”, mas observa que ainda vê com cautela o processo de devolver a inflação para o centro da meta de 3%, estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). A ata destaca a necessidade de manter uma política monetária cautelosa.
“Ainda há um caminho longo a percorrer para a ancoragem das expectativas e o retorno da inflação à meta, o que exige serenidade e moderação na condução da política monetária. […] Além disso, a incerteza, em particular no cenário internacional, que tem se mostrado volátil, prescreve cautela”, prevê o documento.
De março de 2021 a agosto de 2022, o Banco Central elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de “aperto monetário” em resposta à alta dos preços de alimentos, energia e combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.