A Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) reagiu a declarações feitas pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT) sobre a guerra na Faixa de Gaza. Em entrevista à coluna, o petista defendeu que o povo palestino teria o direito “sagrado” de se levantar em armas contra a ocupação do país do Oriente Médio.
Segundo Dirceu, Israel comanda “um colonialismo, uma segregação, um apartheid social grave”, além de uma guerra de extermínio em Gaza.
Para a entidade judaica, a afirmação é ultrajante e busca legitimar o atentado promovido em 7 de outubro de 2023 pelo grupo terrorista Hamas. “Até quando atos de terrorismo contra judeus mundo afora serão relativizados por personalidades da política nacional brasileira?”, questiona a Fisesp, em nota.
Na entrevista, Dirceu disse condenar o ato do Hamas, mas defendeu que Israel também seja condenado por crimes de guerra. “Isso [o ato terrorista do Hamas] tem que ser condenado, e eu condenei. Todos os crimes de guerra têm que ser condenados”, afirmou.
“Não é porque houve o atentado do Hamas que você é obrigado a concordar com a política que Israel está desenvolvendo hoje. Aliás, o mundo não concorda mais com ela. Nem os norte-americanos, que são os principais financiadores e que garantem que Israel possa sobreviver, concordam com o que o [primeiro-ministro Binyamin] Netanyahu está fazendo”, completou Dirceu.
A Fisesp acusa o petista de omitir informações históricas cruciais, confundir palestinos com terroristas, silenciar sobre os atos de crueldade praticados contra israelenses e ignorar os mais de 250 reféns levados de Israel para Gaza.
“[Dirceu] ignorou sumariamente o fato de que Israel não ocupa a Faixa de Gaza há quase 20 anos, oportunidade em que deixou o território para que o povo palestino pudesse decidir seu próprio futuro, sonho que acabou sendo apropriado por radicais que se recusam a aceitar a existência do país vizinho”, diz a entidade.
A Fisesp também ironiza a afirmação do ex-ministro de que “nunca teve antissemitismo” no Brasil. “Nós, judeus brasileiros, adoraríamos viver no país representado no imaginário do ex-ministro”, diz.
“Mas sabemos a realidade, vivemos a realidade e, justamente por isso, continuaremos agindo para modificá-la. Certamente não serão aqueles que buscam legitimar a ação criminosa do Hamas que definirão, à revelia da comunidade judaica, o que é antissemitismo”, finaliza.
Ao afirmar que no país nunca teve antissemitismo, Dirceu disse que o Brasil poderia se vangloriar de ser um lugar que acolhe diferentes nacionalidades. “Árabes, chineses, japoneses, corenanos, libaneses, os descendentes da imigração criminosa e forçada dos negros, os descendentes de europeus.”
“No Brasil ninguém se preocupa com a religião que a pessoa segue”, seguiu.
Leia, abaixo, a íntegra da nota:
“Na data de hoje, o ex-ministro José Dirceu, em entrevista à Folha de S.Paulo, afirmou que ‘o povo palestino’ tem o direito ‘sagrado’ de ‘se levantar em armas contra a ocupação de Israel’. Uma afirmação ultrajante, que busca a legitimação do maior atentado terrorista da história israelense, no qual mais de 1.200 pessoas foram brutalmente assassinadas por integrantes do Hamas, que invadiram o sul de Israel e atiraram sem distinção contra homens, mulheres, crianças, idosos e bebês.
A Federação Israelita do Estado de São Paulo vem, novamente, questionar publicamente: até quando atos de terrorismo contra judeus mundo afora serão relativizados por personalidades da política nacional brasileira?
Omitindo deliberadamente informações históricas cruciais, José Dirceu, em uma única entrevista, confundiu o povo palestino com o grupo terrorista Hamas; silenciou a respeito da utilização de violência sexual contra mulheres israelenses como instrumento de guerra; nada disse sobre os mais de 250 reféns de diversas nacionalidades que foram sequestrados, dos quais apenas 101 continuam sob poder dos terroristas do Hamas; e ignorou sumariamente o fato de que Israel não ocupa a Faixa de Gaza há quase 20 anos, oportunidade em que deixou o território para que o povo palestino pudesse decidir seu próprio futuro, sonho que acabou sendo apropriado por radicais que se recusam a aceitar a existência do país vizinho.
Em outra passagem marcante da entrevista, Dirceu afirmou que ‘no Brasil nunca teve antissemitismo’. Nós, judeus brasileiros, adoraríamos viver no país representado no imaginário do ex-ministro. Mas sabemos a realidade, vivemos a realidade e, justamente por isso, continuaremos agindo para modificá-la. Certamente não serão aqueles que buscam legitimar a ação criminosa do Hamas que definirão, à revelia da comunidade judaica, o que é antissemitismo.”
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
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