Neste Dia Mundial da População, celebrado em 11 de julho, o secretário-geral da ONU, António Guterres, destaca a importância de investir na coleta de dados para “compreender os problemas, adaptar soluções e promover o progresso”.
Com o tema “para não deixar ninguém para trás, conte todos”, a diretora executiva do Fundo da ONU para População, Unfpa, Natalia Kanem, aponta que “para que a humanidade progrida, as pessoas devem ser contadas, onde quer que estejam e quem quer que sejam, em toda a sua diversidade”.
Produtor local de arroz trabalhando em um dos locais do projeto.
Desigualdade e dados
Ela adicionou que na celebração da data deste ano, a importância de coletar dados inclusivos, contar todas as pessoas, em todos os lugares, ganha destaque.
A chefe da agência de saúde sexual e reprodutiva da ONU afirma que os dados confiáveis ajudam a impulsionar os avanços globais no acesso das mulheres aos cuidados reprodutivos, reduções na morte materna e melhorias na igualdade de gênero.
Guterres também lembra que este ano é o 30º aniversário do Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento. Há trinta anos, líderes mundiais pediram dados confiáveis, oportunos e culturalmente relevantes, discriminados por gênero, etnia e outros fatores.
Em sua mensagem para a celebração, ele lembra que o ponto central do programa é reconhecer que a saúde sexual e reprodutiva e os direitos reprodutivos das mulheres são os pilares do desenvolvimento sustentável.
Progressos
Nas décadas que se seguiram à adoção do programa, mais mulheres tiveram acesso a contraceptivos modernos. Além disso, as mortes maternas caíram 34% desde o ano 2000.
No entanto, ele adiciona que o progresso tem sido desigual e instável e afirma ser “revoltante” que cerca de 800 mulheres morram desnecessariamente todos os dias durante a gravidez e o parto, a grande maioria em países em desenvolvimento.
Guterres ainda alerta que, em alguns lugares, os avanços legislativos no enfrentamento de questões vitais, como a mutilação genital feminina, correm o risco de retroceder.
O cyberbullying pode levar à ansiedade, ao sofrimento emocional e até mesmo ao suicídio infantil.
Lacunas de informação
Embora as ferramentas de coleta e análise de dados tenham melhorado, Kanem aponta que essas mudanças também expuseram lacunas significativas de informações e riscos potenciais, incluindo a deturpação ou o uso indevido de dados.
Segundo o Unfpa, em um mundo cada vez mais imprevisível, com rápido crescimento populacional em alguns lugares, rápido envelhecimento em outros e mudanças climáticas, conflitos e crises em todos as partes, dados populacionais confiáveis são mais importantes do que nunca e devem ser usados para alcançar e atender às necessidades de todos.
Com muitas pessoas, comunidades e necessidades não sendo contabilizadas, a pesquisa do relatório do Unfpa deste ano mostra que as comunidades mais marginalizadas do mundo têm sido amplamente excluídas do progresso.
Coleta de dados segura
Para a chefe do Unfpa, ferramentas de dados inovadoras podem trazer à tona questões invisíveis e ilustrar o quadro completo das experiências das pessoas. No entanto, Kanem afirma que esses aplicativos devem ser gerenciados com cuidado.
Ela explica que preconceitos e riscos à privacidade continuam sendo preocupações não resolvidas em relação a tecnologias como a inteligência artificial, ou IA.
O Unfpa aponta que à medida que o mundo entra em uma nova era de coleta de dados, as sociedades devem trabalhar para garantir que os processos respeitem os direitos das pessoas e protejam suas informações, ao mesmo tempo em que coletam dados que capturam experiências multifacetadas.