Nesta sexta-feira (22) é lembrado o Dia Mundial da Água, data criada pela ONU para reforçar debates envolvendo recursos hídricos. Além de impulsionar reflexões sobre economia e sustentabilidade, esse é um momento de conhecer projetos que ajudam a sociedade a enfrentar crises de abastecimento.
Em períodos como o das recentes ondas de calor e a crise hídrica de nível global, o debate sobre acesso à água fica ainda mais importante. Além disso, os cuidados envolvem não só disponibilizá-la de forma potável, mas também formas e estruturas de reaproveitamento.
Empresas podem ajudar nessa gestão sustentável, que também ajuda a população direta ou indiretamente em áreas como saúde, nutrição e educação. Aproveitando a chegada da data em 2024, o TecMundo separou projetos brasileiros que transformam a utilização da água e contribuem para esse avanço social.
Arcelor Mittal: dessalinização e reaproveitamento
Referência em produção de aço, a Arcelor Mittal inaugurou em 2021 a maior planta do Brasil para dessalinização de água do mar.
Ela é responsável por eliminar os sais minerais da água que será usada em processos industriais variados — as substâncias podem prejudicar os processos produtivos e a outra alternativa seria utilizar água doce, que é mais escassa e é própria para o consumo.
A planta fica na unidade fabril de Tubarão, no município de Serra, no Espírito Santo. Construída em uma área de 6 mil m², ela é capaz de produzir até 500m³/h de água industrial.
O complexo usa também poços para captação de água subterrânea e tem a estrutura em módulos, o que significa que a sua capacidade pode ser ampliada no futuro. Atualmente, 96% da água utilizada nos processos em Tubarão vêm do mar, o que reduziu a dependência de captação de água doce do rio Santa Maria.
O processo usado é o da osmose reversa, já bastante adotado na área, e a solução com sinais minerais extraídos é devolvida ao mar.
A osmose reversa. (Imagem: Divulgação/Arcelor Mittal)Fonte: Arcelor Mittal
A empresa também já tem um projeto na região para adquirir água proveniente da Estação de Produção de Água de Reúso Camburi (EPAR), em Vitória, para transformar 300 litros por segundo de esgoto sanitário em água de reúso para fins industriais.
Fora o projeto, as unidades da empresa possuem um Plano Diretor de Águas para garantir que recursos hídricos estejam disponíveis e sejam manejados de forma sustentável, com o menor impacto possível sobre bacias hidrográficas. Atualmente, a companhia tem um índice de recirculação de água de 97%.
PW5660: direito à água potável para comunidades remotas
Uma startup brasileira chamada PWTech também se destaca com uma tecnologia de combate aos efeitos da crise hídrica. O equipamento é o PW5660, que filtra água imprópria para consumo e transforma ela em potável.
O filtro age em água doce contaminada de rios, lagos, poços e represas com turbidez de até 15 NTU (Unidade Nefelométrica de Turbidez, em português). Ele é capaz de lidar com cerca de 5,7 mil litros de água por dia, o que significa aproximadamente 4 litros por minuto.
O PW5660. (Imagem: Divulgação/PWTech)Fonte: PWTech
A água coletada passa por uma série de processos: um clorador, três filtros e uma membrana de ultrafiltração, composta por filamentos que impedem a passagem de vírus e bactérias. Feitas as etapas, o líquido sai próprio para consumo.
Além da função importante, o PW5660 tem a vantagem de ser portátil. Ele pesa apenas 15 kg, é compacto (72,4 x 39,4 cm) e tem fácil manuseio, facilitando o transporte para áreas remotas ou de alto risco, como regiões de conflito.
Por enquanto, o filtro já é utilizado em mais de 50 localidades, de comunidades Yanomami e ribeirinhas no Brasil até países como Ucrânia e Madagascar. A companhia também providenciou o envio de 150 purificadores para a faixa de Gaza, que ficou sem fornecimento de água após o início dos atuais conflitos.
“Hoje, os investimentos pontuais no setor ainda são insuficientes para a garantia da universalização dos serviços de água e esgoto, impactando diretamente na população mais pobre. (…) Crianças e adolescentes são os que mais sofrem com a transmissão de doenças pela água contaminada, justamente por serem mais vulneráveis e terem baixa imunidade”, diz Fernando Silva, CEO da startup, ao TecMundo.
Uma das unidades do PW5660 em uso no Haiti. (Imagem: Instagram/PWTech)Fonte: PWTech/Instagram
A PWTech atualmente trabalha também para fechar novas iniciativas com o Ministério da Saúde. Além disso, ela tem um projeto sendo considerado para o Minha Casa Minha Vida Rural.