O tema deste ano para o Dia Internacional das Montanha, observado pela ONU em 11 de dezembro, é “Restaurando os Ecossistemas Montanhosos”.
A data escolhida para incluir as montanhas na Década das Nações Unidas para a Restauração de Ecossistemas 2021–2030 lembra que as áreas cobrem cerca de 27% da superfície terrestre do planeta e abrigam cerca de metade dos pontos críticos de biodiversidade do mundo
Ecossistema essencial
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, explica que a década é uma oportunidade para unir apoio político, pesquisa científica e recursos financeiros para aumentar significativamente a restauração e prevenir a degradação adicional dos ecossistemas de montanha.
Como os reservatórios de água do mundo, elas fornecem água doce para cerca de metade da humanidade. As montanhas são o lar de uma variedade de plantas e animais, bem como de comunidades culturalmente diversas, com diferentes idiomas e tradições.
Desde a regulação do clima e serviços de abastecimento de água até a manutenção do solo e conservação, as montanhas são essenciais para a vida e meios de subsistência dos seres humanos.
Impacto da mudança climática
No entanto, estas áreas estão sofrendo os impactos das mudanças climáticas e do desenvolvimento insustentável, aumentando os riscos para as pessoas e o planeta.
A mudança climática ameaça o fluxo de água, e o aumento rápido das temperaturas está forçando espécies de montanha e as pessoas que dependem desses ecossistemas a se adaptarem ou migrarem.
Encostas íngremes significam que o desmatamento para agricultura, assentamentos ou infraestrutura pode causar erosão do solo, bem como a perda de habitat.
A erosão e a poluição prejudicam a qualidade da água. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, até 84% das espécies de montanha endêmicas correm risco de extinção, enquanto populações de uma variedade de outras espécies de plantas e animais de montanha devem declinar e enfrentar a extinção.
O recente acordo de biodiversidade da Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade de 2022 proporciona um impulso para reviver e proteger as paisagens de montanha. O documento visa proteger 30% das terras, oceanos, áreas costeiras e águas interiores da Terra até 2030.
Desenvolvimento das Regiões Montanhosas
A Assembleia Geral da ONU também proclamou recentemente o período entre 2023–2027 como “Cinco Anos de Ação para o Desenvolvimento das Regiões Montanhosas” em resolução trienal sobre desenvolvimento sustentável das montanhas.
Seus objetivos são atrair assistência financeira e investimentos para as montanhas, desenvolver economias e tecnologias “verdes”, criar mecanismos para fortalecer a cooperação entre países montanhosos e desenvolver ciência e educação no campo do desenvolvimento sustentável das montanhas.
Para a ONU, o Dia Internacional das Montanha é uma oportunidade para aumentar a conscientização sobre a relevância dos ecossistemas dessas áreas e fazer um apelo por soluções baseadas na natureza, melhores práticas e investimentos que construam resiliência, reduzam a vulnerabilidade e aumentar a capacidade das montanhas de se adaptarem às ameaças diárias e aos eventos climáticos extremos.
Importância das montanhas
A FAO destaca que as montanhas são reservatórios naturais de água e fornecem água doce para cerca da metade da humanidade. Seu papel na captação, armazenamento e liberação de água sustenta ecossistemas, apoia a agricultura e fornece energia limpa e medicamentos.
Montanhas saudáveis são essenciais para a biodiversidade por cobrir 27% da superfície terrestre e abrigar 25 dos 34 dos principais locais de biodiversidade do mundo. Entre elas estão espécies raras como leopardos das neves e gorilas das montanhas.
Além disso, ecossistemas montanhosos resilientes são fundamentais para a adaptação às mudanças climáticas por ajudarem a mitigar os impactos das mudanças climáticas e os riscos associados.
Das áreas montanhosas globais, 39% são cobertas por florestas e pastagens que reduzem as temperaturas locais, aumentam a retenção de água, fornecem um armazenamento vital de carbono e reduzem o risco de erosão e deslizamentos de terra.
As populações de áreas montanhosas são impactadas negativamente pela degradação do solo. Pelo menos 311 milhões de pessoas em áreas rurais de montanha em países em desenvolvimento vivem em locais expostos à degradação progressiva do solo, sendo 178 milhões consideradas vulneráveis à insegurança alimentar.
Os ecossistemas de montanha também são ameaçados pela poluição por causa do descarte descontrolado e da queima a céu aberto de resíduos, incluindo plásticos. Microplásticos foram encontrados no cume do Monte Everest.
Agricultores e pastores de montanha desempenham papel fundamental na gestão sustentável dos ecossistemas de montanha. Eles são considerados guardiões da biodiversidade, detendo conhecimento local valioso que contribui para estratégias de manejo eficazes e sistemas alimentares sustentáveis.