A crescente demanda por uma transição energética global mais limpa está impulsionando a busca por minerais essenciais como lítio, cobalto, níquel e cobre. Dados citados pela Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, apontam que a demanda por cobre em sistemas de energia limpa deve crescer significativamente, passando de 23% para mais de 42% até 2050.
Com a procura crescente, o escritório das Nações Unidas afirma que os países precisam explorar novos recursos abundantes em minérios de alta qualidade e atrair investimentos para o setor. Além disso, o uso de tecnologia e dados pode ser chave para identificar recursos e ajudar mineradores a determinar locais ideais de perfuração.
Exploração
O Unctad ressalta a importância desses minerais em tecnologias de energia renovável, como células solares, energia eólica, armazenamento de baterias e veículos elétricos. Contudo, o ritmo atual da produção de cobre não atende à demanda crescente e pode criar uma lacuna crítica para alcançar as metas climáticas do Acordo de Paris e manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C.
O chefe da divisão de comércio internacional da Unctad, Miho Shirotori, afirma que os países precisam de dados melhores para se beneficiarem mais destes minerais, protegendo ao mesmo tempo o planeta. No entanto, muitos países em desenvolvimento não dispõem das informações necessárias para atrair investimentos para os seus minerais ainda não descobertos.
Uma solução fundamental, proposta pela primeira vez pela Unctad em 2009 e que ganha uma urgência renovada no meio da transição energética global, é a criação de uma rede internacional para a digitalização e partilha de dados para facilitar a descoberta de novos recursos naturais.
O Intercâmbio de Informações sobre Recursos Naturais teve como objetivo criar um repositório de informações digitais, com foco em dados históricos geocientíficos. A iniciativa estagnou anteriormente devido a lacunas técnicas em alguns dos potenciais países beneficiários e às complexidades dos quadros jurídicos e regulamentares relativos à propriedade de dados, direitos de acesso e confidencialidade.
Bancos de dados
Agora, a ênfase é reforçar a capacidade dos países para gerir a sua riqueza de dados. A nova iniciativa poderia ajudar os países ricos em minerais em África e noutros lugares a criar os seus próprios bancos de dados de recursos naturais para captar o valor inexplorado da informação geocientífica e assim otimizar o desenvolvimento e a gestão dos recursos naturais.
Esses bancos de informação incluiriam uma série de dados minerais históricos digitalizados, tais como:
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Mapas antigos e informações sobre formações rochosas, composição mineral e estruturas geológicas.
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Dados de exploração, incluindo resultados de perfuração, levantamentos geofísicos e análises geoquímicas.
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Dados de produção, detalhando quantidades extraídas, teores de minério e métodos de produção.
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Dados ambientais, como avaliação da qualidade da água, monitoramento da qualidade do ar e estudos de biodiversidade.
A iniciativa permitiria aos países em desenvolvimento aproveitar o poder da tecnologia para compilar e analisar grandes quantidades de dados, capacitando-os a tomar decisões informadas sobre as suas reservas minerais de forma responsável e inclusiva.