Defensora dos direitos humanos afegã ajuda cidade portuguesa a acolher refugiados – EERBONUS
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Defensora dos direitos humanos afegã ajuda cidade portuguesa a acolher refugiados

Sediqa Nawrozi, uma refugiada afegã de 29 anos, trabalha como mediadora cultural em Fundão, Portugal, ajudando seus compatriotas a se estabelecer na região. Ela auxilia os recém-chegados a se adaptarem à vida em uma pequena cidade portuguesa que está empenhada em acolher refugiados e migrantes.

Ela passou sete anos atuando em uma ONG dedicada à defesa dos direitos humanos das mulheres e meninas mais vulneráveis no Afeganistão. Após a tomada de poder em 2021 pelas atuais autoridades de facto, Sediqa se viu subitamente inserida nessa mesma categoria e fugiu em um voo humanitário para Portugal.

Direitos das mulheres e meninas

Com o coração partido pelas mulheres e meninas que ficaram no país, ela lembra que chorava todos os dias. “Como mulher, eu perdi tudo, meus direitos, meu emprego, minha educação, tudo”, afirmou.

Embora Sediqa tenha tido a sorte de se reencontrar em Fundão com sua mãe e três de suas irmãs, ela se preocupava constantemente com seu pai e outros parentes que ainda estavam no Afeganistão. 

Fundão: An Embracing Land in Portugal

Ela também estava preocupada com como conseguiria encontrar trabalho, já que não falava português e via poucas oportunidades de fazer um algo significativo, satisfatório e impactante como costumava fazer em sua terra natal.

Agora, no escritório onde trabalha como mediadora intercultural, ela atende à pequena, mas crescente, comunidade afegã de Fundão, composta por cerca de quatro dezenas de pessoas.

Diminuição da população

Ela é uma das oito mediadoras culturais em Fundão, todas contratadas pelo município como parte de um esforço para atrair novos residentes para esta região remota no leste de Portugal. 

Como muitas outras áreas rurais do país, esta cidade de 30 mil habitantes viu sua população diminuir desde a década de 1960, quando começou um padrão de migração do campo para a cidade, que tem continuado, em grande parte, sem interrupções desde então.

Segundo o prefeito de Fundão, Paulo Fernandes, a cidade perdeu quase metade da população nos últimos 60 anos. Ele avalia que os jovens são os mais propensos a se mudar em busca de melhores oportunidades nas grandes cidades ou no exterior.

Por isso, os residentes remanescentes de Fundão são desproporcionalmente idosos. A escassez de pessoas em idade ativa significa que as empresas locais têm enfrentado dificuldades para recrutar e manter pessoal.

Como resultado, a cidade espera atrair refugiados e migrantes construindo uma estrutura de apoio com o objetivo de facilitar o período muitas vezes turbulento de transição para os recém-chegados e ajudá-los a se estabelecer em Fundão. 

Estrutura para migrantes

A equipe de mediadores culturais à qual Sediqa pertence tem funcionários dedicados que atendem às comunidades ucraniana, brasileira, sul-asiática, africana e afegã, ajudando os novos chegados a superar obstáculos administrativos, obter documentação e empregos, além de acessar serviços básicos como educação e saúde.

Além disso, Fundão transformou um amplo antigo seminário católico nos arredores da cidade em um “centro de migrantes” multiuso, onde os recém-chegados podem ficar enquanto se estabelecem. 

Além de alojamento e alimentação, o centro também oferece cuidados infantis, aconselhamento e uma série de atividades culturais para cerca de 200 refugiados e migrantes, muitos dos quais encontram emprego em fazendas e fábricas próximas.

Abordagem holística

Fernandes descreveu as iniciativas como parte de uma abordagem “holística e intensa” que está dando frutos.

Fundão regularmente recebe refugiados realocados e solicitantes de asilo, além de outros que buscam a cidade devido aos serviços que garantem que sua chegada seja o mais suave possível. 

Segundo o prefeito, 7% dos residentes da cidade são estrangeiros. Ele acrescenta que essa mudança demográfica marca uma mudança substancial em uma cidade que, até recentemente, era predominantemente portuguesa.

Ele também sugeriu que a experiência de tantas famílias de Fundão verem parentes em busca de uma vida melhor no exterior contribuiu para tornar os residentes excepcionalmente receptivos aos estrangeiros.

Acolhimento

O prefeito afirma que Portugal é uma “terra de emigrantes” e, por isso, “acolher e receber aqueles que precisam é um imperativo moral”.

Ele adiciona que a cidade quer proporcionar oportunidades para as pessoas construírem um projeto de vida no local, além de poderem se recuperar fisicamente e mentalmente, ter acesso a uma casa decente, um emprego digno e se tornarem cidadãos plenos da comunidade.

Para o Acnur, Fundão é um exemplo de como tanto os refugiados quanto as comunidades que os recebem podem se beneficiar de políticas e práticas inclusivas, impulsionando a autossuficiência dos recém-chegados e revitalizando as economias locais.

A promoção de abordagens inclusivas será um tema importante no Fórum Global de Refugiados em Genebra, de 13 a 15 de dezembro. 

O evento é o maior encontro do mundo de políticos, diplomatas, refugiados, empresas, organizações de caridade, fundações, grupos religiosos e muitos outros para abordar os desafios e aproveitar as oportunidades enfrentadas por aqueles obrigados a deixar suas casas e por aqueles que os acolhem.

*Com a reportagem do Acnur

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