As Nações Unidas dizem apoiar a criação de um ambiente propício para a realização de eleições no Sudão do Sul. Mas a crise no vizinho Sudão influencia a “formação da tempestade perfeita” humanitária e econômica por gerar mais refugiados e deslocados.
As declarações constam do informe apresentado nesta quarta-feira ao Conselho de Segurança pelo representante especial do secretário-geral para o Sudão do Sul, Nicholas Haysom.
Ponto de inflexão
O enviado listou ainda a incerteza sobre “eventos políticos decisivos” para o sucesso da transição e a queda da economia após a ruptura da infraestrutura e desafios com a receitas do petróleo. A ameaça de uma inundação histórica em setembro também causa preocupação.
Para Nicholas Haysom, “qualquer um desses elementos é um desafio significativo” que conjugado aos outros podem levar o país a um ponto de inflexão num momento em que os sul-sudaneses embarcam em uma fase delicada de construção da nação.
O enviado confirmou que a Comissão Nacional de Eleições anunciou 22 de dezembro como data das eleições gerais para as quais se inscreveram pelo menos 29 partidos políticos. No entanto, o processo envolve queixas sobre valor da taxa de inscrições, o prazo e existência de militares associados aos grupos concorrentes.
Ambiente de proteção
Está em curso uma consulta entre intervenientes políticos sobre se a “votação poderá ou deverá ser realizada este ano”, o que dificulta assumir essa data como um marco definitivo, além de outros fatores críticos.
Haysom pede esforços rumo ao diálogo e engajamento, à proteção física e à criação de um ambiente mais amplo de proteção que necessitariam da capacitação do governo para ter maior autossuficiência para proteger a população.
Ele citou preocupações apresentadas pela sociedade civil, por partidos políticos, pela Comissão de Direitos Humanos e a comunidade internacional com relação ao Projeto de Lei de Segurança Nacional aprovado recentemente pelo Parlamento.
Período difícil
Junto ao governo, a Missão da ONU no Sudão do Sul, Unmiss, disse que colabora com o Sistema da ONU no país e outros parceiros no planejamento de cenários humanitários, análises e ações de mitigação para o período difícil que está por vir. Teme-se que as inundações do período de julho a dezembro afetem até 3,3 milhões de pessoas.
A diretora de Operações e Advocacia do Escritório de Assistência Humanitária, Ocha, também falou na reunião do Conselho. Edem Wosornu destacou a ação da ONU numa realidade de 7,1 milhões de pessoas enfrentando níveis severos de insegurança alimentar. O total equivale a 56% da população sul-sudanesa.
Pelo menos 2,3 milhões de cidadãos do mais novo país do mundo enfrentam níveis emergenciais de insegurança alimentar. Destes, acima de 79 mil pessoas vivem em condições catastróficas que provavelmente piorarão com as enchentes.