Fujo neste texto do foco principal do blog, que é futebol internacional, para escrever sobre a decisão da Copa do Brasil, torneio que vale vaga na Libertadores.
Mais especificamente, sobre a melhor chance que o São Paulo tem de conquistar um título relevante que ainda não possui em seu currículo.
Com a vitória sobre o Flamengo (1 a 0) na partida de ida, no Maracanã, a equipe tricolor jogará no Morumbi, neste domingo (24), por dois resultados para erguer a taça: vitória ou empate. Derrota por um gol de diferença ainda pode servir, pois leva a definição para os pênaltis.
É uma vantagem para lá de considerável, que se amplia pela fase turbulenta vivida pelo adversário rubro-negro, envolto em problemas internos, de relacionamento –é evidente que o treinador argentino Jorge Sampaoli é malquisto pelo elenco.
Fundado em 1930, o São Paulo participou, conforme informações de seu site oficial, de 55 finais (a primeira em 1953), em jogo único ou não. Dessas, ganhou 28 e perdeu 27.
Nas 27 vezes em que entrou em campo e sucumbiu, ficando com o vice-campeonato, a equipe nunca se viu em uma situação tão favorável como a de agora.
O time hoje dirigido por Dorival Júnior, em ocasiões anteriores que culminaram em vice, jamais teve a oportunidade de, no último jogo, atuar em seu estádio, o Morumbi (que deverá receber perto de 60 mil torcedores, a ampla maioria de tricolores), tendo ganhado o confronto de ida como visitante.
Nesse panorama, é perfeitamente possível decretar que, caso o São Paulo não se sagre campeão, será a pior derrota do clube em sua quase centenária história.
A decisão que mais se aproxima da vantajosa situação são-paulina aconteceu em 1995, na Copa de Ouro, torneio sem tradição organizado pela Conmebol (confederação sul-americana) que teve somente três edições –a Copa do Brasil está em sua 35ª.
Na primeira partida, em Belo Horizonte, o São Paulo de Telê Santana superou o Cruzeiro por 1 a 0 em um jogo que ficou marcado pela expulsão de quatro cruzeirenses no fim do primeiro tempo, devido a fortes discussões, em sequência, com o árbitro Wilson de Souza Mendonça.
No começo do segundo tempo, um jogador da Raposa alegou lesão e, como todas as substituições já tinham sido feitas (no intervalo), Mendonça encerrou o duelo, pois uma equipe tem que ter ao menos sete jogadores em campo.
Suspeitou-se de que o Cruzeiro agiu de forma proposital, a fim de evitar uma goleada. Não houve comprovação, porém o time manteve a disputa aberta e na segunda partida, no Pacaembu (o Morumbi passava por reforma), devolveu o 1 a 0, posteriormente ganhando nos pênaltis.
Também diante do Cruzeiro, em revés marcante, o São Paulo, treinado por Levir Culpi, esteve pertíssimo de ganhar a Copa do Brasil, em 2000, na única vez em que alcançou a decisão.
No jogo de ida, no Morumbi, 0 a 0. Na volta, no Mineirão, a equipe paulista fez, com Marcelinho Paraíba, 1 a 0 aos 20 minutos do segundo tempo. À época, gol fora de casa valia como critério de desempate, então para não ser campeão o São Paulo precisaria levar a virada.
E, incrivelmente, levou, com gols de Fábio Júnior, aos 35 minutos, e Geovanni, aos 45 minutos.
Recentemente, no ano passado, o São Paulo comandado pelo ídolo Rogério Ceni conseguiu perder o Campeonato Paulista mesmo depois de ter ganhado por 3 a 1 do Palmeiras no Morumbi, na ida da decisão.
Na volta, em uma atuação das mais decepcionantes, com um futebol péssimo, tomou uma surra, goleada por 4 a 0, no Allianz Park.
Derrotas doídas essas para o clube e para sua torcida, mas nenhuma se equivalerá, devido às circunstâncias tão favoráveis ao São Paulo, a uma decepção agora ante o Flamengo.
Em tempo: São Paulo e Flamengo se encontraram três vezes em decisões de competições. O time paulista ganhou uma, a Supercopa da Libertadores de 1993 (2 a 2 no Maracanã, 2 a 2 no Morumbi e triunfo nos pênaltis), e o carioca, duas, a Copa de Ouro de 1996 (3 a 1, no Vivaldão, em Manaus) e a Copa dos Campeões de 2001 (5 a 3 no Almeidão, em João Pessoa, e 2 a 3 no Rei Pelé, em Maceió).