É sempre bom ganhar na partida de estreia em uma Copa do Mundo, como aliás o Brasil fez em todas as oito edições anteriores, e melhor ainda é ganhar de goleada, como o Brasil fez nesta segunda (24) contra o Panamá em Adelaide (Austrália).
O 4 a 0 (três gols de Ary Borges e um de Bia Zaneratto), com dois gols no primeiro tempo e dois no segundo, deve ser celebrado e dará confiança para a seleção treinada por Pia Sundhage encarar a França no sábado (29).
O Brasil cumpriu o seu dever, de forma adequada, porém é necessário analisar friamente o resultado, a fim de evitar um oba-oba precoce.
Não se esperava menos do que golear as panamenhas, estreantes em Copas, no primeiro duelo na história entre as seleções. O Panamá é uma das equipes mais fracas do Mundial na Oceania, ocupando a 52ª colocação no ranking da Fifa.
O time da América Central está atrás no ranking de seleções pouco expressivas e que nem se classificaram para a competição, como Taiwan (37ª), Uzbequistão (49ª) e Myanmar (50ª). O Brasil é o oitavo na lista.
A seleção brasileira teve volume de jogo contundente (59% da posse de bola contra 23% do adversário), e especialmente no primeiro tempo manteve as panamenhas quase todo o tempo no campo de defesa. A goleira Letícia (Lelê), na etapa inicial, foi uma espectadora: só tocou na bola, e com os pés, duas vezes.
As iniciativas pelas laterais funcionaram (Antônia e Tamires são boas no apoio), tanto que todos os gols do Brasil saíram depois de cruzamentos; todos, coincidentemente, da esquerda.
Ary Borges, que é meia, foi constante elemento-surpresa, marcando dois gols de cabeça e o outro depois de um rebote de uma outra cabeçada dela mesma –é a artilheira do Mundial. E ainda deu linda assistência para Bia Zaneratto fazer o dela.
A marcação na saída de bola das oponentes deu muito certo. As atacantes Debinha e Bia Zaneratto e as jogadoras que ocuparam as posições no meio-campo (Luana, Ary Borges, Kerolin e Adriana), incansáveis, pressionaram incessantemente, o que resultou em inúmeras recuperações perto da área do Panamá.
Então o que o Brasil precisa melhorar diante da França, algoz do time na Copa de 2019 –anfitriã, eliminou as brasileiras nas oitavas de final–, quinta colocada no ranking da Fifa, em jogo que promete ser duríssimo?
- Caprichar mais no passe e nas jogadas individuais. Na busca por furar a defesa panamenha, as tentativas erradas na armação das jogadas e nos dribles se acumularam, o que evitou que a seleção criasse (ainda) mais oportunidades de gol.
- Melhorar o acerto nas finalizações. O Brasil concluiu 34 vezes contra a meta defendida pela goleira Bailey (um ótimo número, aproximadamente uma tentativa a cada quatro minutos), porém a mira esteve falha: apenas 11 delas foram na direção do gol –quatro entraram.
Em relação à defesa do Brasil, saberemos se está firme ou não contra as francesas, já que as panamenhas quase não atacaram.
A dupla de zaga, Lauren (novata que substituiu Kathellen, que teve uma lesão) e Rafaelle (a capitã da equipe), não foi testada, e Lelê apareceu em duas defesas, além de registrar uma saída da área estabanada que felizmente não comprometeu.
É possível que, contra a França, o Brasil tenha bem menos posse de bola, pois a rival (que empatou por 0 a 0 com a Jamaica) precisa ganhar para passar a seleção de Pia na tabela e ficar em ótima condição de acabar em primeiro no Grupo F, posição que evita um potencial embate com a poderosíssima Alemanha nas oitavas de final.
Nesse cenário, a seleção brasileira terá uma espécie de decisão diante das francesas. E precisará saber, em muitos momentos da partida, contra-atacar com eficiência.
Pia deve saber disso e armar uma seleção preparada para atuar assim: com um ataque veloz (talvez Geyse no lugar de Bia Zaneratto) e com precisão nos lançamentos –as laterais, as zagueiras e as meio-campistas terão de acertá-los.
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