Oficialmente, a Fifa ainda não anunciou a sede da Copa do Mundo de 2034, que será a 25ª edição do torneio que existe desde 1930, quando o Uruguai o abrigou –e o venceu.
Porém é somente uma questão de tempo para que a entidade máxima do futebol avise que o país organizador será a Arábia Saudita, somente 12 anos depois de o vizinho Qatar fazer as honras.
Pela rotatividade de continentes estabelecida pela Fifa, obrigatoriamente o anfitrião do Mundial de 2034 teria de ser alguém da Ásia e/ou da Oceania.
Em 2026, a Copa será na América do Norte (EUA, Canadá e México são as sedes), e em 2030, na Europa e na África (Espanha, Portugal e Marrocos), com participação especial da América do Sul –Argentina, Paraguai e Uruguai receberão um jogo cada um.
Conforme essa regra da Fifa, os sauditas foram os únicos a se candidatar dentro do prazo, que terminou no ano passado, então não há concorrência. Só poderiam perder para si mesmos, caso a proposição não cumpra os requisitos exigidos, e esse não será o caso.
A Arábia Saudita apresentou um amplo e aparentemente completo caderno de encargos, que não será reprovado pela Fifa. Por que tanta certeza? Porque sabe-se que para fazer uma Copa o substancial é ter dinheiro.
E, a exemplo do Qatar, dinheiro não lhe falta, já que é o país que possui a maior reserva de petróleo do mundo –sua economia gira em torno da produção e exportação do combustível fóssil.
Com seus 36,4 milhões de habitantes espalhados por uma área de 2,15 milhões de quilômetros quadrados (12º maior país do planeta), a Arábia Saudita alardeia em sua proposta a capacidade de oferecer uma ótima infraestrutura.
Com 16 aeroportos internacionais e uma rede de hospedagem com mais de 230 mil quartos nas cidades-sedes, fará a sua Copa, sob o slogan “Crescendo juntos”, em 15 estádios espalhados por cinco municípios, o principal deles, Riad (a capital).
Espanta o fato de uma das cidades apresentadas como sede não existir. Isso mesmo. Ainda será construída, no meio do deserto, a um custo estimado de US$ 500 bilhões (R$ 2,77 trilhões), e deve estar completamente pronta apenas daqui a 15 anos.
Chamada de Neom (“novo futuro”, combinando-se nas letras grego antigo e árabe), terá como carro-chefe a tecnologia de ponta, desvinculando-se dos negócios petrolíferos.
A ideia é que seja totalmente movida a energia eólica e solar e que robôs realizem trabalhos de segurança, logística e delivery.
Impressiona o conceito para o estádio local, com capacidade para 46 mil torcedores e cuja construção começará em 2027. Algo nunca visto, ele será erguido a uma altitude de 350 metros, medida equivalente, partindo-se do chão, a um prédio de cem (ou mais) andares.
Não achei uma razão específica para que seja feito dessa forma, afora a de ser apresentado como uma atração futurística, a ser qualificada por marqueteiros como uma espécie de “oitava maravilha do mundo”.
A proposta saudita anuncia assim o Neom Stadium:
“Este novo estádio será o mais exclusivo do mundo. Com um campo situado a mais de 350 metros do solo e uma cobertura criada a partir da própria cidade, o estádio será uma experiência como nenhuma outra. Após o torneio, será sede de um clube de futebol profissional e peça central do programa esportivo e de estilo de vida ativo da cidade”.
As pessoas só poderão acessar a arena por elevadores de alta velocidade ou por intermédio de carros autônomos (sem condutores humanos).
Parece coisa de filme sci-fi, cenário quimérico, meio “acredite se quiser”.
Um roteiro que, finalizado, estará fora do alcance da quase totalidade da população global, que não terá como pagar para ver pessoalmente.
Aos abastados que lá estarão, a esses, o cinema tornado realidade.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.