Nesta segunda-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, apresentou suas preocupações com o “caos climático” ao retornar de uma viagem para a Antártida.
Falando a jornalistas em Nova Iorque, ele disse que “é profundamente chocante estar no gelo da Antártida e ouvir diretamente dos cientistas sobre a rapidez com que o gelo está desaparecendo”.
Consequências graves
Segundo Guterres, juntas a Antártida e a Groelândia estão derretendo três vezes mais depressa do que estavam no início dos anos 90.
Novos dados mostram que em setembro deste ano o gelo marinho da Antártida ficou 1,5 milhão de km2 menor que a média para esta época do ano, uma área aproximadamente igual ao tamanho de Portugal, Espanha, França e Alemanha juntas.
Além disso, este ano o gelo no mar antártico atingiu o nível mais baixo de todos os tempos.
O líder da ONU afirmou que as consequências são graves, pois o derretimento do gelo marinho significa a elevação dos mares e “isso põe diretamente em perigo vidas e meios de subsistência em comunidades costeiras em todo o mundo”.
Guterres alertou que as inundações e a intrusão de água salgada põem em perigo as plantações e a água potável, ameaçando os alimentos e a segurança hídrica. Cidades costeiras e pequenos estados insulares inteiros correm o risco de serem submersos nos mares.
A importância do gelo
Para ele, a causa de toda esta destruição é clara: “A poluição por combustíveis fósseis que cobre a Terra e aquece o planeta”.
O chefe das nações Unidas disse que “se continuarmos como estamos, as camadas de gelo da Groelândia e da Antártida Ocidental atravessarão um ponto de inflexão mortal que poderia elevar o nível do mar em cerca de dez metros”.
Ele destacou também que há “um ciclo mortal” em curso, pois o gelo reflete os raios do sol. À medida que desaparece, mais calor é absorvido pela atmosfera.
Isso significa mais aquecimento, o que significa mais tempestades, inundações, incêndios e secas em todo o mundo e mais derretimento, que por sua vez gera ainda mais aquecimento.
Expectativa com a COP28
O secretário-geral pediu que as negociações da 28ª Cúpula do Clima, COP28, quebrem este ciclo.
Ele reforçou o apelo por um compromisso global para triplicar as energias renováveis, duplicar a eficiência energética e trazer energia limpa para todos, até 2030.
Além disso, Guterres enfatizou a importância de um compromisso claro e credível para eliminar progressivamente os combustíveis fósseis num prazo que se alinha com a meta de manter o limite de aumento de temperatura em 1,5°C até o fim do século.
O líder da ONU saudou os milhares de pesquisadores na Antártida e em todo o mundo que estão “expandindo a compreensão das mudanças que ocorrem no continente”.
Para ele, estas pesquisas são um testemunho da engenhosidade humana e dos imensos benefícios da cooperação internacional.