O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou nesta sexta-feira (22) a entrega “em grande escala” de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, sem pedir um cessar-fogo imediato, algo rejeitado pelos Estados Unidos.
A resolução, adotada após intensas negociações por 13 votos a favor, nenhum contra e duas abstenções (Estados Unidos e Rússia), “apela a todas as partes para que autorizem e facilitem a entrega imediata, segura e desimpedida de assistência humanitária em grande escala” e “criem as condições para uma cessação duradoura das hostilidades”.
O conselho exige também a utilização de “todas as rotas de acesso e circulação disponíveis em toda a Faixa de Gaza” para a entrega de combustível, alimentos e equipamento médico em todo o território.
“Sabemos que não é um texto perfeito, sabemos que só um cessar-fogo acabará com o sofrimento”, comentou a embaixadora dos Emirados Árabes Unidos, Lana Zaki Nusseibeh, autora do projeto.
• Clique aqui e receba as notícias do R7 no seu WhatsApp
• Compartilhe esta notícia pelo WhatsApp
• Compartilhe esta notícia pelo Telegram
• Assine a newsletter R7 em Ponto
Mas, “se não tomarmos medidas drásticas, haverá fome em Gaza”, e esse texto “responde com ações à situação humanitária desesperada do povo palestiniano”, acrescentou ela antes da votação na sede da ONU, em Nova York, descrevendo “o inferno que está sendo desencadeado” no território palestino.
A resolução, produto de longas discussões sob a ameaça de um novo veto dos EUA, sofreu diversas modificações em relação à versão mais ambiciosa, proposta no último domingo (17) pelos Emirados Árabes.
A referência a uma “cessação urgente e duradoura das hostilidades”, presente no texto de domingo, foi removida.
Uma emenda russa que procurava retomar o apelo à “suspensão urgente das hostilidades”, que recebeu 10 votos a favor e 4 abstenções, foi bloqueada pelos Estados Unidos.
Os membros do conselho adiaram por vários dias a votação da resolução, para evitar um novo veto, num momento em que os habitantes da Faixa de Gaza, bombardeada pelas forças israelenses em retaliação ao ataque do grupo terrorista Hamas em 7 de outubro, estão ameaçados pela fome.
O Conselho de Segurança tem sido amplamente criticado por sua inacção desde o início da guerra.
Essa é apenas a segunda vez que ele consegue chegar a acordo sobre um texto.
Sua resolução anterior, de 15 de novembro, fazia um apelo por “pausas humanitárias”. Outros cinco projetos foram rejeitados em dois meses, dois deles vetados pelos EUA, o último deles em 8 de dezembro.
Apesar da pressão sem precedentes do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, os Estados Unidos bloquearam o apelo a um “cessar-fogo humanitário”, considerado inaceitável por Israel.