Uma delegação de legisladores dos Estados Unidos que inclui a ex-presidente da Câmara dos Deputados Nancy Pelosi se encontrou com o atual dalai lama, com são chamados os líderes espirituais tibetanos, nesta quarta-feira (19), na casa dele, na Índia.
A delegação de sete membros, formada por republicanos e democratas, chegou na terça-feira (18) em Dharamsala. Tenzin Gyatso, o atual dalai lama, vive nessa cidade no pé do Himalaia, no norte da Índia, desde a década de 1960, após uma revolta fracassada contra o domínio da China no Tibete.
“Ainda tenho esperança de que um dia o dalai lama e seu povo retornem ao Tibete em paz”, afirmou o republicano Michael McCaul, líder do grupo e presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara. Segundo ele, Pequim tentou interferir na escolha do próximo líder. “Não permitiremos que isso aconteça.”
A disputa da região segue até os dias atuais e se intensificou recentemente, quando o pior conflito em décadas na fronteira entre Índia e China matou dezenas de soldados dos dois gigantes asiáticos.
Agora, a visita deve acrescentar uma nova camada de tensão —a viagem ocorre dias depois de o Congresso americano aprovar um projeto de lei que instava Pequim a iniciar um diálogo com líderes tibetanos e encontrar uma solução para o conflito de longa data. Embora Washington reconheça o Tibete como parte da China, o projeto de lei parece questionar esse entendimento.
Pelosi disse que a aprovação do texto, intitulado Resolve Tibet Act, enviou uma mensagem à China de que a posição de Washington em relação à questão do Tibete estava clara. “Esse projeto de lei diz ao governo chinês: as coisas mudaram agora, estejam preparados para isso”, afirmou ela antes de ser aplaudida por centenas de tibetanos no evento desta quarta.
Fotografias no site do dalai lama mostraram o líder segurando uma cópia emoldurada do projeto ao lado dos legisladores.
Pequim, que chama Gyatso de separatista perigoso, consideram o governo no exílio ilegal e veem qualquer apoio à autonomia do Tibete, que eles chamam de Xizang, como uma interferência em assuntos internos chineses. Não foi uma surpresa, portanto, quando o país disse estar seriamente preocupado com a visita dos legisladores e pediu ao presidente americano, Joe Biden, para não assinar o projeto de lei.
“Instamos o lado dos EUA a reconhecer plenamente a natureza separatista anti-China do grupo dalai, honrar os compromissos que os EUA fizeram com a China em questões relacionadas a Xizang e parar de enviar o sinal errado para o mundo”, disse a embaixada chinesa em Nova Déli em um comunicado na noite de terça.
Nesta quarta, McCaul disse que os oficiais chineses enviaram à delegação uma carta pedindo o cancelamento da visita, mas acrescentou que Washington está ao lado do Tibete em seu direito à autodeterminação. “Os EUA apoiarão o Tibete para permanecer uma força poderosa como sempre”, afirmou.
Com Reuters e New York Times