A Organização Mundial da Saúde, OMS, aponta que o conflito em Gaza já deixou mais de 100 mil vítimas, entre mortos, feridos e desaparecidos. Os dados citados pelo representante da agência da ONU no Território Palestino Ocupado, Richard Peeperkorn, com base na coleta de informação do Ministério da Saúde palestino.
Segundo as estimativas, 60% das mais de 27 mil mortes relatadas pelas autoridades de saúde do enclave são de mulheres e crianças, com mais de 66 mil feridos necessitando de cuidados médicos, que continua com acesso limitado.
Panela de pressão do desespero
Nesta sexta-feira, o porta-voz do Escritório de Assuntos Humanitários da ONU, Jens Laerke, destacou a persistente fuga de milhares de residentes de Gaza diante dos combates em Khan Younis, buscando abrigo na já superlotada cidade de Rafah, no sul do país.
Ele descreveu a área como uma “panela de pressão do desespero” e temores sobre o que pode acontecer. Além disso, Laerke sublinhou que, mesmo uma semana após a decisão da Corte Internacional de Justiça, não houve melhora na situação.
A OMS destacou sua tarefa “extremamente desafiadora” de reabastecer os hospitais e centros médicos em todo o enclave e afirmou que das 15 missões planejadas para o norte em janeiro, apenas três foram realizadas, quatro foram impedidas por rotas intransitáveis, uma foi adiada e oito foram negadas.
A agência também estima que 8 mil palestinos precisam ser levados para hospitais fora do país para atendimentos urgentes. Peeperkorn apontou sua frustração com o fato de que apenas uma pequena fração dos necessitados, cerca de 1,2 mil pacientes, tenha sido encaminhada por Rafah até o momento.
Situação das crianças
O Fundo da ONU para Infância, Unicef, alertou que pelo menos 17 mil crianças em Gaza estão desacompanhadas. O chefe de comunicação da agência no Estado da Palestina, Jonathan Crickx, afirmou que “cada uma delas é uma história de perda e tristeza de partir o coração”.
Falando de Jerusalém para jornalistas em Genebra, o representante do Unicef descreveu o encontro com jovens em Gaza no início desta semana. Segundo ele, devido à falta de alimentos, água e abrigo, os familiares mais distantes muitas vezes não conseguem cuidar das crianças que perderam os pais pois também estão em uma situação extremamente vulnerável.
Jonathan Crickx avalia que a saúde mental das crianças palestinas foi gravemente afetada, adicionando que muitas apresentam altos de ansiedade, perda de apetite, não conseguem dormir e tem explosões emocionais ou pânico toda vez que ouvem os bombardeios.
O Unicef agora estima que quase todas as crianças de Gaza, mais de 1 milhão, precisam de serviços de saúde mental e apoio psicossocial. A única maneira de oferecer esse apoio é com um cessar-fogo.
Crickx enfatizou que as crianças não têm nada a ver com o conflito, mas estão sofrendo como nenhuma deveria sofrer. Ele destacou que “nenhuma criança, seja qual for a religião, a nacionalidade, o idioma, a raça, deveria ser exposta ao nível de violência visto em 7 de outubro, ou ao nível de violência que testemunhamos desde então.”