Durante o encerramento da 4ª Conferência Internacional sobre pequenos Estados insulares em desenvolvimento em Antígua e Barbuda nesta quinta-feira, a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, destacou a hospitalidade do país anfitrião e a visão do primeiro-ministro Gaston Browne.
Ela ressaltou a importância de ações coletivas e o envolvimento de diversos setores, incluindo governos, ONGs e o setor privado, para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030.
Desafios dos Sids
A conferência ressaltou os desafios enfrentados pelos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, Sids, que estão na linha de frente da crise climática, com o aumento do nível do mar e eventos climáticos extremos ameaçando suas populações, ecossistemas e economias.
A Agenda de Antígua e Barbuda, adotada no evento, foi apresentada como um roteiro para construir resiliência e garantir prosperidade sustentável nesses estados insulares. Amina Mohammed enfatizou a necessidade de um financiamento significativo e direcionado, reconhecimento das vulnerabilidades e engajamento inclusivo com a sociedade civil.
Ela também destacou a importância de parcerias robustas e eficazes, bem como o papel de medidas concretas para garantir que as vozes dos mais vulneráveis sejam ouvidas e que todos os países sejam inclusos na busca por um futuro mais sustentável e justo.
Guiné-Bissau e Arquipélago dos Bijagós
Três países de língua portuguesa fazem parte do grupo: Timor-Leste, Cabo Verde e Guiné-Bissau. O ministro guineense do Meio Ambiente, Biodiversidade e Ação Climática, Viriato Cassamá, participou do evento e falou à ONU News sobre os desafios causados pelas mudanças climáticas.
“Nós estamos nesta quarta Conferência Internacional dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, porque a Guiné-Bissau é parte dos Sids. Comportamos mais de 88 ilhas e ilhéus, que é o arquipélago dos Bijagós. Enquanto membro, partilharmos a experiência que nós temos no domínio da conservação da natureza, na conservação do ambiente e fazer o balanço da implementação do Samoa Pathway, um dos documentos orientadores da 3ª. Conferência, realizada em 2014. Estamos aqui também para apresentarmos a candidatura da Guiné-Bissau, do arquipélago dos Bijagós, como Património Natural Mundial da Unesco e alguns resultados obtidos na implementação de projetos de resiliência e capacidade de adaptação das comunidades costeiras”
Para Cassamá, ter o Arquipélago dos Bijagós nomeado Patrimônio Natural Mundial da Unesco deve fortalecer a proteção a biodiversidade. Grande parte do território da Guiné-Bissau está a menos de cinco metros acima do nível do mar e, portanto, é vulnerável ao aumento do nível do mar e a eventos climáticos extremos.
Segundo ele, essas ameaças colocam em risco não apenas a biodiversidade, mas também a segurança e os meios de subsistência das comunidades costeiras e insulares.
Ele ressalta outros projetos que buscam o desenvolvimento de capacidades em comunidades costeiras e insulares e no gerenciamento de resíduos plásticos. O representante da Guiné-Bissau lembra que embora a contribuição do país nas emissões globais de gases de efeito estufa sejam mínimas, a nação sofre um impacto desproporcional e precisa de mais solidariedade e apoio internacional.
Alinhamento das metas climáticas
Na quarta-feira, o secretário executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, Unfccc, Simon Stiell, voltou a apontar que havia muita retórica e pouca ação. Ele enfatizou que estar na mesma página era importante: “há um alinhamento em termos de linguagem e fizemos um grande progresso no processo nos últimos anos”.
Para Simon Stiell, falta criar “um impulso para a ação”. Ele destacou que as próximas COPs em Baku, no Azerbaijão, e em Belém, no Brasil, serão o verdadeiro teste para saber “se estamos passando das palavras para a ação”.
O chefe da Unfccc também saudou os números da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, Oecd, anunciados na quarta-feira e disse que há uma oportunidade de considerar o que a transição para a energia renovável realmente significa para os Sids.
Stiell acrescentou que a Unfccc ajudaria todos os Sids em sua busca por mais financiamento climático “para alcançar o maior resultado possível na COPS29 e 30”.
Fundo de US$ 135 milhões
Em um novo impulso para financiar ações de combate às mudanças climáticas, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, e o Fundo Global para o Meio Ambiente, GEF, lançaram um novo Programa Integrado de Ilhas Azuis e Verdes de US$ 135 milhões.
A iniciativa tem como objetivo enfatizar o papel crucial da natureza e expandir as soluções baseadas na natureza para combater a degradação ambiental em três setores principais: desenvolvimento urbano, produção de alimentos e turismo.
A meta é que 15 dos Sids promovam mudanças positivas para a natureza. Administrada pelo Pnud e financiada pelo GEF e parceiros, ela representa uma nova onda de apoio aos Sids à medida que eles embarcam na Década de Ação de 2024 a 2034.
O chefe do Pnud, Achim Steiner, reforçou que os Sids estão na linha de frente da mudança climática e da perda da natureza, pois enfrentam a dura realidade do aumento do nível do mar, padrões climáticos mais imprevisíveis e ecossistemas degradados, mas sua situação única também significa que eles estão impulsionando uma notável gama de soluções inovadoras e interconectadas.