Em um artigo recente, publicado na plataforma The Conversation, o físico Melvin M. Vopson, professor da Universidade de Portsmouth na Inglaterra, explica as bases da teoria de que toda a nossa realidade física seria, na verdade, uma realidade virtual simulada. No ano passado, o cientista propôs um protocolo experimental com o objetivo de testar a teoria.
Essa tese não é nova. Em 1989, o físico teórico John Archibald Wheeler, ex-parceiro de Niels Bohr, sugeriu que o universo é intrinsecamente matemático, e pode ser encarado como emergente da informação. Para resumir a ideia, Wheeler propôs o aforismo “It from bit”, algo como “isso do bit”, ou seja, a realidade (it) surge da informação (bit).
A teoria tenta explicar porque as leis e constantes físicas assumiram valores tão “certinhos” que propiciaram a formação de estrelas, planetas, e finalmente, a vida. Teríamos duas opções: ou vivemos em um multiverso infinito de universos (no qual só o nosso deu certo), ou o nosso universo é uma simulação de computador, operada talvez por alguma inteligência alienígena avançada.
Evidências de que a realidade física é uma simulação de computador
Entre as evidências de que nosso mundo é uma realidade virtual, Vopson explica que ele é inteiramente pixelizado. Assim como as partículas elementares constituem toda a matéria visível no universo, existe uma unidade menor e discreta de energia, comprimento e tempo: o bit.
Não por acaso o limite de velocidade do nosso universo é o da luz. Isso corresponderia, na teoria do universo simulado, ao limite de potência do processador da máquina que nos simula.
Mas a evidência mais forte da hipótese de simulação vem da própria mecânica quântica. Ela defende a natureza “não real” das partículas, até que um observador (o nosso Programador?) as confirme.
Testando a teoria do Universo simulado
Se estamos mesmo vivendo em um universo, afirma Vopson, haveria bits de informação à nossa volta. Portanto, a detecção desses bits comprovaria a hipótese da simulação. Nesse sentido, ele formulou em 2020 o princípio de equivalência massa-energia-informação (M/E/I), inspirado no célebre princípio de equivalência massa-energia de Einstein.
Em sua versão, o teórico propõe que “a massa possa ser expressa como energia ou informação, ou vice-versa”. Para ele, os bits de informação teriam uma massa extremamente baixa, mas, ainda assim, a informação constituiria uma quinta forma de matéria no universo. Vopson chegou mesmo a calcular o conteúdo de informação esperado por partícula elementar.
No protocolo publicado em 2022, o professor da Universidade de Portsmouth explica como testar suas previsões. Para isso, diz ele, basta “apagar a informação contida no interior das partículas elementares, permitindo que elas e as suas antipartículas se aniquilem num flash de energia — emitindo ‘fótons’, ou partículas de luz“. Para realizar a experiência, o físico lançou um site de crowdfunding, que está recebendo doações do mundo inteiro.
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