Considerado ‘porta-voz da Inteligência Artificial’, Sam Altman havia sido demitido da empresa que cofundou por decisão do conselho, que alegou ter perdido confiança em sua liderança.
Sam Altman havia sido demitido da OpenAI no dia 17 de novembro
Reuters via BBC
Sam Altman vai reassumir o cargo de CEO da OpenAI, dona do ChatGPT, apenas alguns dias após ter sido demitido pelo conselho da empresa.
O anúncio foi feito pela OpenAI por meio de um comunicado.
O acordo “em princípio” envolve a nomeação de novos membros para o conselho, acrescentou a companhia.
A demissão de Altman — que cofundou a OpenAI e é considerado por muitos como “o porta-voz da Inteligência Artificial” — ocorreu repentinamente na última sexta-feira (17/11), provocando surpresa e caos.
Funcionários da OpenAI chegaram a ameaçar fazer um pedido de demissão em massa a menos que ele fosse reintegrado.
“Estou ansioso para voltar à OpenAI”, disse Altman em uma postagem no X (antigo Twitter).
“Eu amo a OpenAI, e tudo o que tenho feito nos últimos dias foi para manter esta equipe e sua missão unidas”, acrescentou ele.
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Na semana passada, o conselho da empresa decidiu remover Altman do cargo, o que levou à renúncia do cofundador Greg Brockman.
A decisão foi tomada por três membros do conselho que não são funcionários — Adam D’Angelo, Tasha McCauley e Helen Toner — e por um terceiro cofundador, Ilya Sutskever, cientista-chefe da empresa.
Mas, nesta segunda-feira (20/11), Sutskever pediu desculpas no X e assinou a carta dos funcionários pedindo ao conselho que revertesse a decisão.
A Microsoft, que utiliza a tecnologia da OpenAI em muitos de seus produtos — e é a maior investidora da companhia — ofereceu, então, a Altman um cargo para liderar “uma nova equipe de pesquisa avançada em IA”.
Nesta quarta-feira (22/11), a OpenAI disse que concordava, em princípio, com o retorno de Altman e que iria parcialmente reconstituir o conselho de diretores que o havia demitido.
O ex-CEO da Salesforce, Bret Taylor, e o ex-secretário do Tesouro dos EUA, Larry Summers, se juntarão ao diretor atual, Adam D’Angelo, na OpenAI, informou a empresa.
Em uma postagem no X, Brockman também disse que retornaria à empresa.
Emmett Shear, que havia sido nomeado como CEO interino da OpenAI, disse estar “profundamente satisfeito” com o retorno de Altman após cerca de “72 horas muito intensas de trabalho”.
O chefe da Microsoft, Satya Nadella, elogiou as mudanças no conselho da OpenAI.
“Acreditamos que este é um primeiro passo essencial rumo a uma governança mais estável, bem informada e eficaz.”
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Muitos funcionários, em post nas redes sociais, mostraram entusiasmo com a reviravolta: “Estamos de volta — e seremos melhores do que nunca”, escreveu o funcionário Cory Decareaux no LinkedIn.
“Estes foram os dias mais loucos — mais loucos do que eu poderia imaginar. Este é um exemplo de como funciona uma cultura empresarial unida.”
Outros, no entanto, insinuam que o episódio foi prejudicial para a OpenAI, que — ao criar o chatbot ChatGPT — se tornou, possivelmente, a empresa de IA mais importante do mundo.
“A OpenAI não pode ser a mesma empresa que era até sexta-feira à noite. Isso tem implicações não apenas para potenciais investidores, mas também para recrutamento”, disse Nick Patience, da S&P Global Market Intelligence, à BBC News.
Muitos negócios e projetos agora dependem da tecnologia da OpenAI.
Um deles, Be My Eyes (“seja meus olhos”, em tradução livre), trabalha com a empresa para desenvolver um assistente alimentado por IA para pessoas cegas ou com visão parcial.
Seu CEO, Michael Buckley, escreveu no LinkedIn que havia sido “bombardeado por telefonemas de empresas rivais [de IA] em busca de oportunidades de negócios”, mas disse que a parceria com a OpenAI seria mantida porque a companhia “priorizara a acessibilidade”, embora fosse “quase sem sentido do ponto de vista das receitas.”
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Entenda o caso
A batalha na cúpula da OpenAI começou quando o então conselho da empresa anunciou que estava demitindo Altman, alegando ter “perdido confiança” em sua liderança.
O conselho o acusou de não ser “consistentemente franco em suas comunicações” — mas, mesmo após as reviravoltas do caso desde sexta-feira, ainda não está claro no que exatamente ele não estava sendo franco.
Qualquer que seja a explicação, ficou claro que os funcionários da OpenAI estavam profundamente insatisfeitos com a saída de Altman — mais de 700 deles assinaram uma carta aberta ameaçando deixar também a empresa a menos que o conselho renunciasse.
A carta afirmava que a Microsoft teria assegurado a esses funcionários que haveria vagas para todos eles caso quisessem se juntar à gigante de tecnologia.
Posteriormente, a Microsoft confirmou que equipararia o salário de todos.
Essa ameaça parece ter sido superada pelo retorno dramático de Altman.
A turbulência dos últimos dias, no entanto, levantou questões a respeito de como um grupo de apenas quatro pessoas poderia tomar decisões que abalaram um negócio de tecnologia multibilionário.
Em parte, isso se deve à estrutura e ao propósito incomuns da OpenAI.
A empresa começou em 2015 como uma organização sem fins lucrativos — muitas instituições de caridade têm esse status, por exemplo — com a missão de criar “inteligência artificial geral segura que beneficie toda a humanidade”.
Seus objetivos não incluíam cuidar dos interesses dos acionistas ou maximizar sua receita.
Em 2019, ela criou uma subsidiária com fins lucrativos, mas seu propósito permaneceu inalterado, e o conselho da empresa continuou no comando.
Não está claro se as tensões sobre a direção futura da OpenAI contribuíram para essa crise ou quais compromissos — se houve algum — assumidos por Altman para garantir seu retorno.
Mas muitos nomes da indústria, entre os quais o CEO da Tesla, Elon Musk, instaram os membros do conselho a “dizer algo”.
Isso, porém, ainda não aconteceu.
Em reação no X à notícia da reintegração e do novo conselho, Toner, uma das que tomou a decisão de demitir Altman, disse apenas “e, agora, todos vamos dormir”.
Reportagem adicional de Liv McMahon.
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