Em busca há décadas do reconhecimento mundial de seu Estado, e com seu território enfrentando faz oito meses uma guerra (Israel x Hamas), a Palestina mantém vivo o sonho de disputar pela primeira vez uma Copa do Mundo.
Nesta quinta-feira (6), com um empate sem gols contra o Líbano, a seleção palestina assegurou, com uma rodada de antecedência, a classificação para a terceira fase das Eliminatórias da Ásia para o Mundial de 2026.
O jogo aconteceu em Doha, no Qatar, já que os palestinos estão impossibilitados de atuarem em seu estádio, o Faisal Al-Husseini, em Al-Ram, cidade próxima a Jerusalém.
Com o resultado, a Palestina terminará em segundo lugar em seu grupo, atrás da Austrália (que mesmo estando geograficamente localizada na Oceania disputa o qualificatório da Ásia), e será uma das 18 seleções que tentarão, a partir de setembro, uma das oito vagas continentais diretas para a Copa.
Uma nona seleção ainda terá chance de se classificar em uma repescagem contra um país de outra confederação.
A Copa do Mundo de 2026, sediada pelo trio EUA, México e Canadá, será a primeira com 48 participantes –16 a mais que os 32 que estiveram no Qatar em 2022.
“Com tudo o que está acontecendo na Palestina agora [a guerra já deixou mais de 35 mil mortos], a qualificação para a Copa do Mundo seria uma grande conquista para os jogadores e para o país como um todo”, declarou, em entrevista à Fifa, o meia Mohammed Rashid, 29.
“Seria a melhor coisa que poderia acontecer ao nosso país em termos da nossa posição no cenário internacional”, acrescentou o jogador do Bali United, da Indonésia.
Em constante conflito por terras com Israel desde 1948, quando da criação do Estado judeu e o início de um período de várias guerras, a Palestina, com população majoritariamente muçulmana, é reconhecida como país por 144 dos 193 membros da ONU (Organização das Nações Unidas), incluindo o Brasil.
No futebol, a filiação da Associação de Futebol da Palestina à Fifa data de 1998. O melhor resultado internacional da seleção foi atingir as oitavas de final da Copa da Ásia, no começo deste ano, sendo eliminada pelo anfitrião Qatar em jogo de placar apertado (2 a 1).
Atualmente, a Palestina ocupa o 93º lugar do ranking da Fifa, que tem 211 nações, é liderado pela Argentina e no qual o Brasil está em quinto. Situa-se à frente de países que já disputaram Copa do Mundo, como Angola, Cuba, Coreia do Norte, Kuait, Togo e Trinidad e Tobago.
Seu melhor jogador é o atacante e artilheiro Oday Dabagh (18 gols em 34 partidas pela seleção), um dos dois únicos do time que atuam no futebol europeu. Tem 25 anos e defende o Charleroi, da Bélgica. O outro é o também atacante Omar Farj, 22, do AIK, da Suécia.
O treinador da Palestina é o tunisiano Makram Daboub, 51, que assumiu o comando em abril de 2021 depois de mais de uma década como assistente técnico.
Em 27 partidas, entre jogos por competição e amistosos, a equipe ganhou 11, empatou 6 e perdeu 10.
Nestas Eliminatórias, derrotou duas vezes Bangladesh (5 a 0 e 1 a 0), empatou duas vezes sem gols com o Líbano e perdeu da Austrália por um magro 1 a 0 –jogará, sem necessidade de obter pontos, com os australianos, em Perth, na segunda-feira (11).
A distância de casa, de amigos, de parentes, de conhecidos, é sentida pelos jogadores palestinos, reunidos longe da terra que amam.
Porém a missão de elevar a Palestina, via futebol, a uma posição de respeito e legitimidade prevalece no grupo, conforme disse à ESPN o zagueiro Mousa Farawi, 26, que joga no National Bank, do Egito.
“Cada um de nós representa alguma coisa. A responsabilidade vem de um grande sofrimento que temos. Neste momento, paramos de jogar para nós mesmos e estamos jogando para o povo. Cada jogador representa a Palestina e os sofrimentos da Palestina.”
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