As agências humanitárias se preparam para entrar em Gaza em meio a atrasos na implementação de uma suspensão temporária dos combates e na libertação de reféns detidos pelo Hamas.
Os profissionais humanitários continuam montando estoques de itens de ajuda que são extremamente necessários para as pessoas sitiadas no enclave.
Expectativa para implementação do acordo
Segundo agências de notícias, as negociações em curso entre Israel e o Hamas para uma pausa de quatro dias e a libertação dos reféns detidos pelo grupo armado palestino indicam que a entrada em vigor do acordo é improvável antes de sexta-feira.
Em meio ao aumento da fome, a chefe do Programa Mundial de Alimentos, PMA, Cindy McCain, disse que a agência está “se mobilizando rapidamente para aumentar a assistência dentro de Gaza” assim que o acesso seguro for concedido.
McCain disse que os caminhões do PMA estão “esperando na passagem de Rafah, carregados com alimentos destinados às famílias em abrigos e casas em Gaza, e farinha de trigo para as padarias retomarem as operações”.
Os últimos relatórios humanitários da ONU indicam que a farinha já não está disponível nos mercados do norte de Gaza e que não existem padarias funcionando devido à falta de combustível, água, farinha e por causa de danos estruturais.
Retomada da produção de pão
Desde que as entregas limitadas de assistência através da passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, foram retomadas em 21 de outubro, pouco mais de 73 caminhões de ajuda alimentar do PMA chegaram a Gaza, ficando muito abaixo das necessidades.
McCain expressou esperança de que mais combustível possa entrar no enclave para que os caminhões possam transportar os suprimentos tão necessários e que mais uma vez o pão esteja disponível “para centenas de milhares de pessoas todos os dias”.
Cerca de 75 mil litros de combustível entraram em Gaza vindos do Egito na quarta-feira, após uma decisão israelense de permitir a “entrada diária de pequenas quantidades de combustível para operações humanitárias essenciais”, de acordo com o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, Ocha.
O combustível está sendo distribuído pela agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, para apoiar a oferta de alimentos e o funcionamento de geradores em hospitais, instalações de água e saneamento, abrigos e outros serviços críticos no sul da Faixa de Gaza.
O acesso ao norte foi cortado pelas operações militares israelenses.
O subsecretário-geral de Assuntos Humanitários da ONU, Martin Griffiths, disse na semana passada que eram necessários cerca de 200 mil litros de combustível por dia.
Evacuação médica de 20 horas
A Organização Mundial da Saúde, OMS, anunciou que uma nova evacuação de 190 feridos e doentes, seus acompanhantes e profissionais médicos do hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza, foi concluída na quarta-feira.
O esforço envolveu agências da ONU e parceiros humanitários liderados pela Sociedade do Crescente Vermelho Palestino, PRCS.
Os evacuados foram transportados em um comboio de ambulâncias para o sul.
O Ocha citou relatórios do PRCS afirmando que a evacuação “durou quase 20 horas, pois o comboio foi obstruído e sujeito a inspecção ao passar pelo posto de controle que separa o norte e o sul de Gaza”.
Os pacientes em diálise foram transferidos para o Hospital Abu Youssef An Najjar em Rafah, enquanto outros pacientes foram transportados para o hospital europeu da Faixa de Gaza em Khan Younis. Estima-se que cerca de 250 pacientes e funcionários ainda estejam em Al-Shifa, que não está mais operacional.
Redução nos deslocamentos
Esta quarta-feira também registrou o menor número de pessoas deslocadas que deixaram o norte de Gaza para atravessar para o sul usando o “corredor” aberto pelas Forças de Defesa Israelenses.
De acordo com o monitoramento do Ocha, apenas cerca de 250 pessoas se mudaram para o sul. O Escritório da ONU disse que o declínio é “em grande parte atribuído às expectativas geradas pela pausa humanitária” que ainda não foi implementada.
Até o momento, mais de 1,7 milhões de pessoas em Gaza estão deslocadas internamente.