A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, é marcada por pobreza, mudanças climáticas e uma situação de violência que fez com que mais de 850 mil pessoas passassem a viver em uma situação de deslocamento prolongado.
Mesmo neste contexto desafiador, uma equipe de saúde móvel viaja por terra e mar para alcançar mulheres e meninas que vivem em zonas rurais e ilhas remotas, sem acesso a serviços.
Apoio à saúde sexual e reprodutiva
A equipe apoiada pelo Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa, oferece uma ampla gama de serviços de saúde sexual e reprodutiva, ajudando assim a reduzir os índices de gravidez indesejada, mortalidade materna e violência baseada no gênero.
As ações incluem exames pré-natais, suplementação nutricional, trabalho de parto, aconselhamento, implantes de anticoncepcionais, entre outros.
O projeto conta com um barco ambulância, usado para movimentar a equipe médica pelas ilhas do distrito de Ibo e para conduzir mulheres grávidas em segurança para o hospital da província.
As baixas marés criam enormes dificuldades de navegação e são um obstáculo adicional durante emergências.
Clínicas móveis fazem a diferença
Os serviços móveis são fundamentais, pois muitos centros de saúde foram danificados ou estão com capacidade reduzida por causa da violência e insegurança no norte de Moçambique.
Quedas de eletricidade também são frequentes e afetam o funcionamento dos hospitais. Por isso, a clínica móvel apoiada pelo Unfpa é equipada e preparada para realizar partos de urgência e lidar com outras situações emergenciais.
Desde 2017, as províncias do norte de Moçambique enfrentam ataques crescentes de grupos armados não estatais, com milhões de pessoas fugindo de suas casas em busca de segurança.
Aumento de riscos
A região também passou por repetidos choques climáticos, como inundações, secas e ciclones, além de emergências de saúde pública subsequentes, como surtos de malária e cólera.
A instabilidade contínua e as instalações de saúde danificadas tornaram a gravidez e o parto cada vez mais arriscados para as mulheres, que também se encontram sob maior risco de violência e tráfico devido ao deslocamento e aos conflitos.
Em Moçambique, apenas cerca de um quarto das mulheres está usando métodos contraceptivos modernos e nas áreas rurais o índice é ainda menor.
Isso se deve principalmente à falta de serviços e de acesso, o que levou a altas taxas de gravidez indesejada, bem como mortes maternas por complicações na gravidez e no parto e abortos inseguros.