O cientista climático da Organização Meteorológica Mundial, OMM, Álvaro Silva, diz haver sustentação para se esperar que este ano apresente mais um recorde histórico global de temperatura.
Falando à ONU News, de Lisboa, o especialista explicou que há mais de 50% de probabilidade de que 2024 quebre o recorde alcançado no ano anterior.
Probabilidade média e alta
“Espera-se então que em 2024, do ponto de vista desta relação com outros eventos históricos, possa acontecer também um ano bastante acima do normal e possivelmente mais quente que 2023. Isso é o que também sugerem alguns modelos e alguma informação que vai estando disponível de centros de previsão em nível global, que apontam também para a uma probabilidade média e alta de que isso possa vir a verificar-se em 2024. Portanto, temos de facto sustentação, do ponto de vista histórico, que é a comparação com eventos do passado, mas também do ponto de vista de modelação do clima e de previsão climática para 2024.”
No ano passado, a temperatura média global excedeu a média pré-industrial em 1,45ºC. A agência da ONU confirmou que a última década foi a mais quente desde 1850.
A possibilidade de que este ano seja classificado entre os cinco mais quentes de todos os tempos é ainda maior.
Final da primavera no Hemisfério Norte
“Do ponto de vista de temperatura global tivemos até 2023 um ano extremamente acima do normal. Foi o ano mais quente de que há registo, e agora esta perspectiva de 2024 possa ser ainda mais quente. O fenômeno El Niño prevê-se que possa diminuir de intensidade já durante a primavera do Hemisfério Norte e possa haver uma transição para o neutral no final da primavera, em abril-maio. E isso depois também vai ter influência nas perspectivas de comportamento da temperatura global, das distribuições das anomalias de precipitação e da temperatura nas diferentes regiões.”
Álvaro Silva disse que a tendência global de alta de temperatura acontece como vinha sendo prevista há algum tempo, e em algumas circunstâncias com muito mais intensidade.
A situação se agrava devido à ocorrência do fenômeno climático El Niño, aliada a fatores como atmosfera mais quente e condições para que aconteçam eventos climáticos extremos.