O Freddy é oficialmente o ciclone tropical que durou mais tempo, revela uma investigação da Organização Meteorológica Mundial, OMM.
Em 36 dias no status de tempestade tropical ou superior, o desastre afetou países do sul da África como Madagáscar, Malaui e Moçambique entre fevereiro e março de 2023. No período foram perdidas centenas de vidas, meios de subsistência e infraestrutura.
Status de tempestade tropical ou superior
O Freddy supera o recorde do ciclone tropical John, que atingiu o Oceano Pacífico Norte em 1994 e se manteve no status de tempestade tropical ou superior durante 714 horas, ou 29,75 dias.
A OMM realça que além de durar mais tempo, o Freddy foi a segunda tempestade mais longa em termos de distância percorrida. Foram “mais de 12.785 km ± 10 km”, uma distância equivalente a quase 33% da circunferência da Terra.
Ao cruzar a bacia do Oceano Índico e percorrer áreas de Madagascar e do sudeste da África, o Freddy deixou um rastro de destruição, centenas de perdas humanas e danos econômicos.
Na investigação divulgada na terça-feira, em Genebra, a Organização Meteorologia Mundial estiveram técnicos centros em locais posicionados em lugares como Australia, Canadá, China, Hong Kong, Estados Unidos, Espanha e ilhas Reunião.
Longevidade e capacidade de sobrevivência
O especialista Chris Velden integra o comitê sobre ciclones tropicais/satélites da Universidade de Wisconsin, EUA. Ele descreveu o Freddy como um ciclone tropical notável, não apenas por sua longevidade, mas também pela capacidade de sobreviver a múltiplas interações terrestres.
Ele ressaltou que esse facto trouxe consequências significativas para as populações do sudeste africano.
Já o relator sobre clima e extremos climáticos da OMM, Randall Cerveny, explicou que a investigação destaca o cuidado meticuloso da agência da ONU na certificação de todas as observações meteorológicas assegurando a confiança de que os registros globais de todos os fenômenos climáticos são medidos de forma correta.
Historiadores do clima e formuladores de políticas
Na sequência da investigação será atualizado o Arquivo de Clima e Extremos Climáticos da OMM para refletir o novo registro.
Os dados do arquivo incluem temperaturas mais altas e mais baixas do mundo, precipitação, granizo mais forte, período seco mais longo, rajada máxima de vento, relâmpago mais longo e mortalidades relacionadas ao clima. Esse acervo “é usado por historiadores do clima e, cada vez mais, por formuladores de políticas”.
Randall Cerveny não descarta que no futuro venham a ocorrer eventos extremos maiores. Ele explicou que quando tais observações forem feitas, novos comitês de avaliação da OMM serão formados para julgar essas observações.