A resposta humanitária à África Ocidental e Central é afetada por grandes danos causados pelas inundações repentinas. A Nigéria concentra 20% dos mais de 5 milhões de vítimas em Camarões, no Chade, no Níger e noutros países da região.
As chuvas torrenciais obstruíram o acesso a serviços essenciais e agravaram a ameaça de doenças, incluindo de um surto regional de cólera. As declarações são do Fundo das Nações Unidas para a População, Fnuap.
Colapso da represa de Alau
O exemplo de Fátima Ali foi um dos casos mais extremos de sobreviventes. Ela disse que a água chegou ao nível do peito em Maiduguri, capital do estado de Borno. As atuais inundações causaram o colapso da represa de Alau.
Ali narrou ter passado duas horas caminhando pelas estradas alagadas como mobilizadora comunitária para melhorar o conhecimento sobre saúde e direitos sexuais e reprodutivos, além de ajudar sobreviventes de violência de gênero.
Grávida de nove meses no início da crise, ela teve o parto antecipado por duas semanas. Já próximo de dar à luz, ela revelou que “não conseguia andar sozinha” e contou com o apoio do marido que a “ajudou a atravessar a água”.
A atual crise causada pelas inundações confirma a desproporção das mulheres e meninas como vítimas que enfrenta exposição a surtos de doenças. Em alguns casos, elas não têm permissão para procurar serviços de saúde.
Violência de gênero
Com a alta vulnerabilidade delas à violência de gênero associado ao alarmante crescimento de países atingidos por enchentes como Camarões, os dados mostram um risco maior de casamento precoce e forçado e violência de parceiros íntimos.
A crise agrava também o risco de mulheres grávidas sofrerem aborto espontâneo e complicações obstétricas por causa da limitação do acesso aos serviços de saúde sexual e reprodutiva.
A crise da fome afeta 55 milhões de pessoas em toda a região e pode ter efeito grave em mulheres grávidas e lactantes por terem maiores necessidades nutricionais.
Uma das prioridades do Unfpa é atender às necessidades de cerca de 91 mil deslocadas no território nigeriano, que somente no estado de Borno conta com mais de 400 mil deslocados.
Atendimento pré-natal e parto seguro
Mais de 5,5 mil pessoas já receberam serviços de saúde sexual e reprodutiva como observação pré-natal, ao parto seguro, aconselhamento sobre planejamento familiar, bem como serviços de prevenção e resposta à violência de gênero.
O Unfpa revelou ainda que um total de 14 mil pessoas já receberam informações sobre saúde sexual e reprodutiva, violência de gênero e prevenção de exploração e abuso sexual.
Mais de 1,5 mil kits de dignidade contendo suprimentos essenciais de higiene, incluindo absorventes menstruais, roupas íntimas e sabão, já foram distribuídos em áreas afetadas por enchentes.
A agência da ONU ressalta que as populações nessas regiões também precisam de apoio psicossocial, que inclui primeiros socorros para atendimento a questões psicológicas.