O Ministério da Defesa da China disse nesta sexta-feira (12) que vai “esmagar quaisquer planos de independência de Taiwan“. A declaração ocorre na véspera das eleições na ilha, nas quais o Partido Progressista Democrático (DPP), contrário às reivindicações territoriais de Pequim, busca um terceiro mandato na Presidência.
“O Exército de Libertação do Povo Chinês permanece em alerta máximo o tempo todo e tomará todas as medidas necessárias para esmagar absolutamente qualquer plano separatista de ‘independência de Taiwan’ e defender firmemente a soberania nacional e a integridade territorial”, disse o porta-voz do ministério, Zhang Xiaogang, em um comunicado.
Ao responder a uma pergunta sobre a modernização dos caças F-16 da Força Aérea de Taiwan e a compra de mais aeronaves dos Estados Unidos, Xiaogang disse também que, mesmo com as compras de armas do país norte-americano, o DPP “não pode deter a tendência de completa reunificação da pátria”.
O partido, representado pelo atual vice-presidente, Lai Ching-te, na corrida pela liderança do território, rejeita as reivindicações de soberania da China e afirma que apenas o povo de Taiwan pode decidir seu futuro. Durante a campanha, a China criticou repetidamente Lai e rejeitou repetidos pedidos dele por diálogo.
Também nesta sexta, dezenas de milhares de pessoas participam dos últimos comícios em Taiwan, uma ilha com governo autônomo, mas que Pequim considera uma província rebelde. O território tem tido sucesso na manutenção de seu regime democrático desde a realização de sua primeira eleição presidencial direta, em 1996, após décadas de luta contra o regime autoritário chinês.
Pequim, que nunca renunciou ao uso da força para controlar Taiwan, apresentou as eleições como uma escolha entre “a paz e a guerra” e chamou os membros do DDP de separatistas perigosos, instando os taiwaneses a fazerem a “escolha certa”.
Lai, por sua vez, diz que está comprometido em preservar a paz no território, mas acusou a China de buscar interferir na votação espalhando desinformação e exercendo pressão militar e econômica na ilha.
Lai está enfrentando dois oponentes para a presidência —Hou Yu-ih, do maior partido de oposição de Taiwan, o Kuomintang (KMT), ou Partido Nacionalista da China, e o ex-prefeito de Taipé, Ko Wen-je, do pequeno Partido do Povo de Taiwan (TPP), fundado em 2019. Este último busca romper a política bipartidária que vigora na China.
“Esse status quo político levou a uma onda crescente de pessoas esperando por reformas. Também empurrou o TPP, que representa a terceira força de Taiwan, para o palco da política de Taiwan”, disse Ko a repórteres estrangeiros em Taipé nesta sexta.
O candidato conquistou uma base de apoio apaixonada, especialmente entre os jovens eleitores, por focar em questões básicas como o alto custo da moradia. Ele também deseja se engajar novamente com a China, mas insiste que isso não pode ser feito em detrimento da proteção da democracia e do modo de vida de Taiwan.
Caso vença, Hou também deseja reiniciar o engajamento com a China, com a qual divide a ideia de que Lai apoia a independência formal de Taiwan. Lai, por sua vez, diz que Hou é pró-Pequim, acusação que o candidato rejeita.
Tanto o KMT quanto o TPP afirmam que Taiwan precisa de uma mudança de governo após oito anos de governo do DPP, embora um esforço das duas partes no final do ano passado para formar uma chapa conjunta tenha fracassado.
O governo da ilha acredita que Pequim tentará exercer pressão sobre seu próximo presidente com a realização de manobras militares perto do território, disseram dois altos funcionários à agência de notícias Reuters.
As urnas abrirão às 8h locais e fecharão às 16h, quando começa a contagem de votos à mão. O resultado deve ficar claro no final da noite de sábado.