O Conselho de Segurança debateu nesta terça-feira a situação no Oriente Médio, incluindo a questão palestina. A reunião foi solicitada por Israel e pela Argélia.
A subsecretária-geral de Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz falou da recuperação de seis corpos de reféns mortos em Gaza em 31 de agosto. Rosemary DiCarlo disse que o Hamas anunciou que está em poder de várias pessoas em edifícios e túneis e teria “novas instruções para matar antes que elas pudessem ser recuperadas vivas pelas forças israelenses.
Visitas humanitárias
A chefe dos Assuntos Políticos declarou haver pelo menos 101 pessoas nessa situação “sem acesso a visitas humanitárias”. Ela fez um apelo para que as vítimas sejam “tratadas de forma humana e autorizadas a receber visitas e assistência” da Cruz Vermelha.
Cerca de 250 pessoas foram sequestradas e levadas do sul de Israel para Gaza desde 7 de outubro, quando começou a onda de violência. A ONU revela que mais de 1.250 israelenses e estrangeiros foram mortos até agora. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, em torno de 41 mil palestinos perderam a vida em Gaza, a maioria mulheres e crianças.
DiCarlo mencionou relatos de pessoas libertadas sobre detidos que se encontram “em condições horríveis”, alguns sujeitos à violência, incluindo sexual e outras formas de abuso. Ela reiterou o pedido pela libertação imediata e incondicional do grupo. Enquanto em cativeiro, ela solicita que eles sejam tratados de acordo com as obrigações legais internacionais.
Acordo de cessar-fogo e a libertação dos reféns
Para a chefe dos Assuntos Políticos é preciso concordar com um cessar-fogo imediato, na libertação imediata e incondicional de todos os reféns, além de “um enorme aumento da ajuda humanitária para Gaza”.
A Argélia pediu que o evento do Conselho abordasse a atuação em Gaza e na Cisjordânia. DiCarlo falou das negociações indiretas em andamento entre Israel e o Hamas, facilitadas pelo Egito, pelo Catar e pelos Estados Unidos.
Ela lembrou que estre os pontos em cima da mesa estão um acordo de cessar-fogo e a libertação dos reféns. O tema dominou reuniões recentes em Doha e Cairo em que as partes “tentaram preencher lacunas, mas persistem grandes diferenças”.
DiCarlo pediu ainda que os envolvidos no conflito cheguem a um entendimento “sem mais demora” num processo em que a ONU continua comprometida em apoiar.
Falta de energia e de suprimentos
Quanto à pausa humanitária declarada para permitir a campanha de vacinação contra a poliomielite na Faixa de Gaza, ela considerou a medida “um raio de esperança no meio do horror em Gaza”.
A representante disse que “até agora foram respeitados os acordos entre agências da ONU e as forças de Israel” nas áreas de vacinação designadas com vista a fazer avançar a iniciativa que acontece após a detecção recente do poliovírus tipo 2.
A campanha iniciada em 1º de setembro envolve a Organização Mundial da Saúde, OMS, o Fundo da ONU para a Infância, Unicef, e a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, que pretendem alcançar mais de 640 mil crianças menores de 10 anos.
Infraestrutura de água severamente destruída
No Conselho, a diretora de Operações e Advocacia do Escritório de Assistência Humanitária, Ocha, lembrou que mais de metade dos 36 hospitais de Gaza não operam.
Discursando na sessão, Edem Wosornu contou que os restantes centros hospitalares funcionam com dificuldades e cheios de pacientes confrontados pela falta de energia e de suprimentos. A infraestrutura de água foi severamente destruída e somente um quarto das fontes do recurso estão disponíveis.
A representante humanitária destacou ainda que pontos de alimentos foram destruídos e a distribuição foi restrita pelos combates.