O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, deve se reunir com os principais doadores da agência da ONU para os refugiados palestinos, Unrwa, nesta terça-feira.
O encontro acontece na sequência de um apelo urgente de organizações não governamentais para que seja mantido o fluxo de fundos para as operações humanitárias, especialmente em Gaza.
Responsabilização e apoio humanitário
O secretário-geral também se reuniu com o chefe do Escritório de Serviços de Supervisão Interna, o mais alto órgão de investigação do sistema da ONU. Ele busca garantir que a investigação o envolvimento de funcionários nos ataques terroristas de 7 de outubro em Israel “seja feita da forma mais rápida e eficiente possível”.
Segundo o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, o processo de responsabilização está em andamento. No entanto, enquanto isso, as pessoas precisam sobreviver e por isso, a Unrwa e o trabalho humanitário em Gaza precisam de apoio contínuo.
Dujarric afirmou que o secretário-geral expressou horror diante das acusações. Ele instou os doadores, especialmente os que suspenderam contribuições, a garantirem a continuidade das operações da Unrwa. Ele ressaltou que “as necessidades terríveis das populações desesperadas que eles atendem devem ser atendidas”.
Nesta terça-feira, o Conselho de Segurança terá sessão fechada com coordenadora sênior Humanitária e de Reconstrução para Gaza, Sigrid Kaag. Ela deve falar a jornalistas na sede da ONU em Nova Iorque após a reunião. No cargo desde 8 de janeiro, o encontro acontece após a representante visitar a região.
Trabalho da Unrwa
Além de seus programas na Faixa de Gaza, a Unrwa fornece ajuda humanitária aos refugiados palestinos na Jordânia, no Líbano, na Síria e na Cisjordânia, incluindo em Jerusalém Oriental.
Na Faixa de Gaza, a agência está fornecendo ajuda vital a mais de 2 milhões de civis, operando abrigos para mais de 1 milhão e fornecendo alimentos, água e serviços de saúde.
Na segunda-feira, um grupo de agências de ajuda internacional e ONGs pediu que os países que retiraram o financiamento devido às alegações de conluio da equipe “reafirmem o apoio ao trabalho vital” realizado pela agência da ONU. Entre elas estão o Conselho Norueguês para Refugiados, a Oxfam, a Save the Children e a War Child Alliance.
As entidades pediram aos Estados doadores, como Estados Unidos, Reino Unido, Áustria, Finlândia e Japão, que retomem urgentemente o financiamento. A falta de fundos pode privar ainda mais os palestinos de alimentos, água, saúde, educação e proteção.
Alguns países declararam que continuarão financiando, ao mesmo tempo em que expressam profunda preocupação com as alegações, enquanto outros doadores decidiram continuar financiando enquanto as investigações seguem seu curso.
Atualizações humanitárias
A Organização Mundial da Saúde, OMS também fez um apelo aos doadores para que não suspendam o financiamento à Unrwa em momento crítico. Segundo o porta-voz da agência de saúde da ONU, “cortar o financiamento só prejudicará a população de Gaza, que precisa desesperadamente de apoio”.
Christian Lindmeier falou a jornalistas em Genebra nesta terça-feira e reforçou que “a atividade criminosa nunca pode ficar impune”. No entanto, ele destacou que a discussão é a “grande distração” do que realmente está acontecendo em Gaza, lembrando que cerca de 27 mil pessoas foram mortas, das quais 70% são mulheres e crianças.
Ele lembrou que o fornecimento de alimentos e da água são extremamente precários, com as estações de bombeamento fechadas por causa da falta de combustível e a população à beira da fome.
De acordo com o último relatório do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, há relatos de bombardeios em Khan Younis e combates perto dos hospitais Nasser e Al Amal. Palestinos estariam fugindo para a cidade de Rafah, ao sul, que já está superlotada, apesar da falta de passagem segura.