Uma sessão de emergência do Conselho de Segurança debate nesta terça-feira a Ucrânia, um dia após a série de ataques russos contra diferentes cidades. Danos significativos foram reportados no hospital infantil Okhmatdyt, na capital Kyiv.
Em discurso, a subsecretária-geral interina para os Assuntos Humanitários, Joyce Msuya, disse que o departamento de toxicologia, que tinha crianças recebendo hemodiálise, esteve entre os mais severamente danificados na operação que atingiu o centro hospitalar.
Triagem em meio ao caos, poeira e escombros
Ela contou que depois, socorristas encontraram menores recebendo tratamento para câncer em leitos hospitalares montados em parques e na rua, onde equipes médicas rapidamente criaram áreas de triagem “em meio ao caos, poeira e escombros”.
Pelo menos 27 civis, incluindo quatro crianças, foram mortos nesse ataque e 117 ficaram feridos, incluindo sete menores. No encontro do Conselho também foi ouvido o testemunho do diretor do hospital.
Para Msuya, os efeitos humanitários da guerra são graves. Mais de 14,6 milhões de pessoas precisam de alguma forma de assistência. O total de vítimas equivale a 40% da população da Ucrânia, sendo que 56% delas são mulheres e meninas.
Para estes grupos, o acesso aos cuidados médicos, incluindo de saúde materna e reprodutiva, é severamente restrito.
Cerca de 1.878 ataques contra instalações de saúde
Além de Kyiv, as cidades de Kryvyi Rih, Dnipro, Sloviansk e Kramatorsk também sofreram a onda de ataques da Rússia. De acordo com as autoridades ucranianas, pelo menos 33 pessoas morreram e ouras 140 ficaram feridas em todos esses atos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, OMS, cerca de 1.878 ataques foram realizados contra instalações de saúde desde o início da guerra na Ucrânia.
O total corresponde a quase metade de todos os ataques relatados em todo o mundo desde 24 de fevereiro. A agência verificou ainda 507 vítimas desses atos, incluindo 148 mortes.
A atuação do Escritório da ONU para Assistência Humanitária, Ocha, com parceiros garantiu a entrega de assistência essencial a 4,4 milhões de pessoas em toda a Ucrânia nos primeiros quatro meses deste ano.
Limpeza de escombros em busca de pessoas presas
A comunidade doadora forneceu US$ 887 milhões para essas ações. Mas Msuya alertou que, passado meio ano, o montante corresponde somente a 28% dos US$ 3,1 bilhões necessários para prestar auxílio ao país assolado pelo conflito.
Antes, o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, descreveu como “abomináveis” as explosões em dois hospitais de Kyiv que tratam crianças e mulheres. O seu escritório verifica os números, enquanto equipes de resgate, pessoal do hospital e voluntários limpam escombros em busca de pessoas presas.
Além de instalações de saúde, várias infraestruturas de energia foram atingidas na onda de ataques a áreas densamente povoadas.
Turk pediu que as partes com influência sobre os envolvidos no conflito ucraniano façam “tudo o que estiver ao seu alcance para garantir o fim imediato dos ataques”.
A nota destaca ainda que é preciso proteger civis e respeitar de forma rigorosa as leis de guerra ao pedir “investigações rápidas, completas e independentes sobre os últimos ataques graves a civis e infraestrutura civil, e que os responsáveis prestem contas”.