O governo federal lançou na última terça-feira (19) o programa Celular Seguro, que prevê o bloqueio de bancos, operadoras e apps em smartphones que foram roubados ou furtados. A promessa é que o serviço auxiliará no combate ao crime patrimonial mais comum atualmente no Brasil.
A ferramenta está disponível na versão web e em formato de aplicativo para celulares Android e iOS. Para acessar, o usuário precisa utilizar a conta do gov.br, cadastrar seu telefone e os dados de pessoas de confiança, que poderão realizar o bloqueio em nome da vítima.
Neste primeiro momento, dentre os parceiros da iniciativa estão Anatel, Banco Pan, Banco Inter, Sicoob, Caixa, Itaú, BTG Pactual, XP, Santander, Banco do Brasil e Bradesco.
A promessa do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) — que é responsável pelo programa — é que Uber, Mercado Livre e Nubank se juntarão à iniciativa em breve.
Apesar de bastante recente, o Celular Seguro foi visto com muito bons olhos pelos brasileiros. Contudo, será que o sistema é o suficiente para diminuir o roubo de telefones no Brasil?
Iniciativa importante para o Brasil
Eduardo Santos, diretor de soluções para o mercado corporativo da Samsung Brasil, afirma que o Celular Seguro é uma iniciativa que “responde a um problema latente do país”. No caso, ele se refere a epidemia de roubos e furtos de aparelhos.
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no ano passado foram registrados 508,3 mil roubos e 490,8 mil furtos de celulares, totalizando quase 1 milhão de ocorrências. Os números representaram um aumento de 16,6% na comparação com 2021.
Santos elogiou o programa e argumentou que os usuários terão mais facilidade para notificar o “sinistro”. “Nenhuma solução é totalmente segura, já que sabemos que quem trabalha com isso vai tentar achar brechas. Mas a segurança é feita de camadas, e quanto mais camadas, mais a pessoa está protegida”, disse.
A Samsung está aberta para contribuir com o Celular Seguro (Imagem: Drew Angerer/Getty Images)
Ele acrescentou que o serviço tem potencial para diminuir a quantidade de roubos de telefones. “O aparelho vai poder ser usado basicamente para exportação ou como um dispositivo para usar só no Wi-Fi”, defendeu.
Do outro lado, Santos ressaltou que a Samsung ainda não tem todos os detalhes sobre o serviço. Segundo ele, o governo federal não chegou a conversar com a companhia para que fosse feita uma parceria, por exemplo.
Outro ponto ressaltado pelo porta-voz da sul-coreana é que neste momento ainda não está claro como realizar o desbloqueio das contas bancárias e da operadora caso o telefone seja encontrado ou recuperado.
O Celular Seguro deve ganhar mais funcionalidades nos próximos meses (Imagem: hocus-focus/Getty Images)
“Assim como acontece com todas as ferramentas de segurança, nós ainda vamos testar internamente o Celular Seguro para entender por completo a sua funcionalidade. Mas inicialmente também temos a preocupação de saber como evitar que alguém troque a senha do usuário no gov.br e como garantir que o IMEI não possa ser ativado por outras pessoas”, destacou.
Cenário complexo do Brasil
O TecMundo conversou com Débora Renno Diamantino, que é global B2B product manager da Motorola. A executiva preferiu não se pronunciar sobre o Celular Seguro, não comentando também se o governo federal entrou em contato com a marca para aderir ao programa.
Sobre os desafios da segurança pública no Brasil, ela disse que o país apresenta um cenário complexo e de difícil compreensão para os estrangeiros.
“Normalmente quando você conversa com o pessoal de fora do Brasil eles não entendem muito. [Os crimes no país] são situações bem típicas daqui”, analisou.
A Motorola é a segunda fabricante com o maior market share do Brasil (Imagem: NguyenDucQuang/Getty Images)
Apesar de falar que o cenário local é bastante particular, Diamantino lembrou que as soluções de segurança da Motorola também são bastante utilizadas em locais como a Índia e nos Estados Unidos.
Outras soluções de segurança para o celular
Apesar de elogiar a iniciativa do governo federal, o executivo da Samsung fez questão de ressaltar que o Celular Seguro sozinho não vai proteger os aparelhos dos brasileiros.
O diretor de soluções para o mercado corporativo da sul-coreana defendeu que é importante utilizar tudo o que há disponível no quesito segurança para que um smartphone esteja realmente protegido.
Lembrando da própria empresa, ele defendeu o uso do Cadeado Galaxy, que é um serviço de assinatura pago que bloqueia o telefone em caso de roubo ou furto. Custando R$ 39,99 por um ano ou R$ 59,99 por dois anos, Santos argumentou que “o valor é muito baixo para os benefícios que ele entrega”. Além disso, não há previsão para aumento do preço da assinatura, segundo ele.
As configurações corretas de segurança dos celulares pode ser o diferencial entre ter os dados vazados ou não (Imagem: Tero Vesalainen/Getty Images)
Débora Renno Diamantino comentou sobre o Moto Secure, que é um hub que centraliza as opções de segurança de smartphones Motorola. O aplicativo foi lançado no começo de 2023 e já conta com mais de 25 milhões de instalações.
“Ainda pretendemos crescer mais porque estamos colocando o app nos celulares que estamos lançando e nos aparelhos que vão ganhando upgrade [de software]. O aplicativo é feito com padrões desde as camadas baixas para realmente garantir que está sendo utilizado o máximo do potencial de segurança do celular”, indicou.
Para quem não tem celular Samsung ou Motorola, confira, abaixo, outras soluções de segurança que podem se unir ao Celular Seguro:
iOS
Os iPhones têm sistemas como a Pasta Secreta e Verificação de Segurança que mostra o que está sendo compartilhado e com quem. O usuário pode decidir se deseja parar de compartilhar as informações, por exemplo.
Os celulares e outros dispositivos da marca também têm acesso à criptografia a partir de ferramentas como o Cofre de Dados, que ajuda a proteger as informações contra o acesso não autorizado.
Aparelhos roubados, furtados ou perdidos ainda podem ser procurados em um mapa através do sistema Buscar. Se a função Buscar iPhone estiver desligada, o usuário pode entrar neste site para verificar como proteger sua conta Apple.
Android
Celulares com o sistema operacional do Google como Xioami, Huawei, Poco, Asus e de outras fabricantes possuem soluções específicas, mas também contam com as ferramentas. A ferramenta “Encontrar seu smartphone” permite, por exemplo, rastrear, apagar dados, bloquear e fazer um dispositivo móvel emitir um sinal sonoro. Se o modelo for Android, o serviço também permite apagar todos os dados.
Para fazer tudo isso, porém, é preciso ter uma conta Google cadastrada e que o celular extraviado esteja ligado, com o GPS ativado e com conexão 4G ou 5G.