O Centro Carter, principal organização internacional que acompanhou as eleições na Venezuela, pediu nesta segunda-feira (29) que o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) venezuelano publique imediatamente as atas das mesas de votação do pleito de domingo (28).
De acordo com a organização, “a informação das atas transmitidas ao CNE é indispensável para nossa avaliação [sobre o processo eleitoral] e fundamental para o povo venezuelano”.
“Nossa missão técnica, enviada à Venezuela após convite do CNE, tem como objetivo avaliar a eleição presidencial de acordo com o marco legal venezuelano, assim como os padrões regionais e internacionais em matéria de eleições democráticas”.
O Centro Carter encaminhou um grupo de 17 observadores para acompanhar o pleito na Venezuela. Eles realizaram trabalhos na capital Caracas, além de Barinas, Maracaibo e Valencia.
Desde que o regime chavista desconvidou a missão de observação da União Europeia, o Centro Carter passou a ser a entidade internacional com a equipe mais robusta de observadores.
Na madrugada desta segunda, o CNE —controlado pelo chavismo— anunciou que o ditador Nicolás Maduro havia vencido as eleições de domingo. A divulgação foi rapidamente contestada pela oposição e por um grupo de líderes regionais.
O governo Lula (PT), que tem laços históricos com o chavismo, também defendeu que o CNE divulgue as informações das mesas de votação.
Em uma nota, o Itamaraty não parabenizou Maduro e pediu a publicação de “dados desagregados por mesa de votação”.
De acordo com o Itamaraty, trata-se de “passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”.
No mesmo comunicado, o Itamaraty saudou o “caráter pacífico da jornada eleitoral” e disse acompanhar com atenção o processo de apuração. “[O governo] Reafirma ainda o princípio fundamental da soberania popular, a ser observado por meio da verificação imparcial dos resultados”, diz.
Enviado do Planalto para acompanhar a votação, o assessor para assuntos internacionais de Lula, Celso Amorim, esteve nesta manhã em reunião com os observadores eleitorais do Carter Center. Depois, tinha reunião marcada com o painel de especialistas ligados à ONU (Organização das Nações Unidas).
Os especialistas da ONU não têm mandato para manifestar juízo público sobre a condução das eleições. Eles devem produzir um relatório confidencial sobre aspectos gerais do processo eleitoral.