O Napoli decidiu não participar da campanha contra o racismo promovida pelo Campeonato Italiano, afirmando que a ação é meramente de fachada.
A decisão ocorre depois de a federação italiana determinar que Francesco Acerbi não receberá punição por suposta agressão verbal, de cunho racista, feita a Juan Jesus na partida entre Internazionale e Napoli no domingo retrasado.
No confronto em Milão (1 a 1), o gol dos visitantes foi marcado pelo atleta brasileiro, que foi o autor da acusação.
No veredicto, o tribunal esportivo declarou, depois de analisar as imagens, não haver “nível mínimo razoável de certeza” para considerar que Acerbi, 36, tenha ofendido Juan Jesus, 32, com palavras racistas. Ambos os jogadores são zagueiros.
Insatisfeito com a conclusão do caso, o Napoli anunciou que está fora da ação antirracismo batizada de “Keep Racism Out” (Fora com o Racismo), considerando-a existir só na aparência, sem efeitos práticos.
Diz o comunicado do clube do sul da Itália: “Não iremos mais aderir a iniciativas meramente de fachada das instituições do futebol contra o racismo e a discriminação, mas continuaremos a fazê-las nós mesmos, como sempre fizemos, com convicção e determinação renovadas”.
No lançamento de sua nova camisa, nesta semana, o clube confirmou que ela não traria na manga a frase “Keep Racism Out”.
O Campeonato Italiano pretende, nas duas próximas rodadas da competição, passar mensagens (por exemplo, nas braçadeiras dos capitães) que alertem para a importância do combate a todo tipo de discriminação, não apenas no futebol.
Via site do Napoli, Juan Jesus, que no Brasil atuou pelo Internacional e na Itália passou pela própria Inter de Milão e pela Roma, disse não se sentir amparado pela decisão do tribunal e temer que ela possa “abrir um sério precedente para justificar certos comportamentos”.
Além de Juan Jesus, o Napoli conta em seu elenco com outros jogadores negros, como o brasileiro Natan (zagueiro, ex-Flamengo), o camaronês Anguissa (volante), o marfinense Traoré (meia-atacante) e o nigeriano Osimhen (atacante).
A Inter, time de Acerbi, também tem atletas negros: o francês Thuram (atacante), o colombiano Cuadrado (ala), o holandês Dumfries (lateral), o alemão Bisseck (zagueiro) e o senegalês Sarr (atacante).
Além da situação com Acerbi e Juan Jesus, outro caso envolvendo racismo ganhou as manchetes no futebol italiano neste ano.
No fim de janeiro, o francês Mike Maignan, do Milan, foi alvo de insultos no jogo contra a Udinese, em Udine, que chegou a ser interrompido quando torcedores da equipe da casa fizeram sons de macaco ao se direcionar ao goleiro.
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