O presidente de Cabo Verde fez um apelo nesta quarta-feira para que não sejam poupados esforços para construir “um futuro que seja melhor do que este presente de destruição e morte indiscriminada”.
Em seu discurso no plenário da 79ª Assembleia Geral da ONU, José Maria Neves, afirmou que perante inúmeros conflitos é preciso apostar na “via do diálogo e na plena observância dos valores defendidos pela Carta das Nações Unidas”.
Alterações climáticas e subida do nível do mar
O presidente afirmou ainda que dentre as muitas crises que o mundo enfrenta, o impacto das alterações climáticas afeta em particular os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, Sids, como Cabo Verde.
“As nossas populações, com particular ênfase nos Sids, desejam compromissos mais ousados, especialmente por parte de países com elevadas emissões, e uma implementação mais rápida de políticas e mecanismos financeiros para assegurar que a ação climática seja não só ambiciosa como também equitativa e eficaz. A subida do nível do mar, também ela consequência das alterações climáticas, exige atenção especial. O problema é multidimensional e estende-se muito para além das populações insulares e costeiras: afeta todos os continentes e regiões, não deixando ninguém imune a essa catástrofe em formação”.
José Maria Neves saudou a realização da Reunião de Alto Nível que ocorreu nesta quarta-feira, sob o tema “Enfrentando as Ameaças da Subida do Nível do Mar”.
Ele destacou ainda que na Assembleia Geral do ano passado foi aberta para assinatura o Acordo sobre a Biodiversidade para além da Jurisdição Nacional e que Cabo Verde firmou o documento “logo no primeiro dia”.
Gestão dos oceanos
O líder caboverdiano disse que o acordo representa um marco importante para a cuidar da biodiversidade marinha no alto mar, que constitui cerca de 60% dos oceanos do mundo.
Na condição de “nação oceânica”, José Maria Neves declarou que Cabo Verde tem uma “forte dependência dos recursos marinhos” e reconhece a importância da gestão sustentável, especialmente nos Sids.
O chefe do governo cabo-verdiano sublinhou que é importante impulsionar “soluções inovadoras para os desafios dos oceanos”, e desenvolver capacidades para estudar o impacto das alterações climáticas, da acidificação dos mares, melhorando os sistemas de monitoramento.
O país vai acolher, no primeiro trimestre de 2025, uma Reunião de Alto Nível da Região Atlântico, Indico e Mar do Sul da China, visando implementar a criação de um mecanismo de coordenação desta sub-região dos Sids.
Avanços a nível nacional
Sobre as ações a nível nacional, o presidente afirmou que o país continua implementando políticas “que visam o acesso universal à educação de qualidade e à saúde”.
Segundo o primeiro-ministro, uma das prioridades é a “plena inclusão dos jovens em todos os aspectos da vida social, econômica e política”, garantindo assim que as gerações futuras estejam munidas das “ferramentas necessárias para enfrentar os desafios globais”.
José Maria Neves destacou também o certificado de país livre da malária, concedido este ano a Cabo Verde pela Organização Mundial da Saúde. Para o líder da delegação cabo-verdiana, este é um exemplo de como uma aplicação eficiente das tecnologias atuais é possível erradicar doenças “que causam sofrimento, impedindo o progresso econômico e aprisionando milhões na pobreza”.
Para José Maria Neves é preciso “aumentar rápida e significativamente a assistência técnica e a capacitação no financiamento do desenvolvimento sustentável para evitar que o Sul Global seja deixado para trás”.
Nesse sentido, ele elogiou a recente aprovação do índice de vulnerabilidade multidimensional, dizendo que o mecanismo é “de grande importância, especialmente para os Sids e outros grupos vulneráveis”.