8 de julho de 2014. Estádio Mineirão, em Belo Horizonte. Semifinal da Copa do Mundo.
Com uma derrota por 7 a 1 para a Alemanha, a seleção brasileira, treinada por Luiz Felipe Scolari, o Felipão, e sem Neymar, lesionado, vivia a maior humilhação de sua história, iniciada cem anos antes.
12 de julho de 2014. Estádio Mané Garrincha, em Brasília. Disputa do terceiro lugar da Copa do Mundo.
Ainda abalada pelo massacre ante os alemães, a seleção levava um 3 a 0 da Holanda, com esta escalação: Júlio César; Maicon, Thiago Silva, David Luiz e Maxwell; Luiz Gustavo (Fernandinho); Ramires (Hulk), Paulinho (Hernanes), Oscar e Willian; Jô.
Essa tinha sido a última vez que o Brasil amargara duas derrotas consecutivas, seja em jogos por competição, seja em amistosos.
Houve a segunda era Dunga (de setembro de 2014 a junho de 2016), houve a era Tite (de setembro de 2016 a dezembro de 2022), houve a interinidade de Ramon Menezes (março a julho deste ano), e a seleção jamais caiu em dois jogos seguidos, considerando os resultados de tempo normal e prorrogação.
O “tinha sido” teve de ser escrito porque, passados nove anos e quatro meses dos reveses no Mundial no Brasil, período em que entrou em campo 115 vezes, a seleção voltou a sucumbir em dois confrontos em sequência.
Sob o comando de outro interino, Fernando Diniz (também treinador do Fluminense, com o qual se sagrou recentemente campeão da Libertadores), a equipe nacional perdeu do Uruguai, no dia 17 de outubro (2 a 0 em Montevidéu), e da Colômbia (2 a 1, de virada, em Barranquilla), nesta terça-feira (16).
A escalação do Brasil em solo colombiano foi esta: Alisson; Emerson Royal, Marquinhos, Gabriel Magalhães (Douglas Luiz) e Renan Lodi (Pepê); André e Bruno Guimarães; Raphinha (Endrick), Rodrygo (Paulinho), Vinicius Junior (João Pedro) e Gabriel Martinelli.
Considerando que o Brasil, antes da queda diante do Uruguai, partida em que Neymar teve uma lesão séria, empatou em Cuiabá (1 a 1) com a Venezuela, são três confrontos sem vitória, algo raríssimo para a seleção.
É certo que com Tite o time canarinho registrou uma série de cinco partidas sem ganhar (três empates e duas derrotas, no segundo semestre de 2019), porém quatro delas foram amistosos –a restante, o Superclássico das Américas, contra a Argentina.
O Brasil de Diniz tem falhado em triunfar nas Eliminatórias da Copa de 2026, e o ponto único conquistado em nove possíveis fez a seleção, que liderava o qualificatório, despencar para a quinta posição, atrás de Argentina, Uruguai, Colômbia e Venezuela.
Por ora não é um problema dos maiores, já que se classificam para o Mundial (que será nos EUA, no Canadá e no México) os seis primeiros da América do Sul, sendo que o sétimo (de dez concorrentes) ainda pode obter a vaga em uma repescagem.
Porém, se o Brasil perder na próxima terça-feira (21), no Maracanã, para a Argentina de Messi, uma combinação de resultados na rodada pode deixar a equipe em sétimo lugar.
Caso aconteça, não será o fim (pela razão exposta em parágrafo anterior), mas a fotografia da tabela, atualmente já ruim, será vergonhosa.
Poderá, contudo, ser o fim imediato para Diniz, cuja interinidade está planejada para durar até junho de 2024, quando a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) espera que o italiano Carlo Ancelotti assuma a seleção.
A última vez que o Brasil foi derrotado três vezes consecutivas data da metade de 2001, quando sofreu uma sequência de quatro derrotas –aliás, a pior série da história.
Duas ocorreram na Copa das Confederações (França e Austrália), sob o comando de Emerson Leão, que acabou demitido. As outras duas vieram com Felipão: uma pelas Eliminatórias da Copa de 2002 (Uruguai), uma na Copa América (México).
O único treinador do time principal do Brasil a acumular três derrotas seguidas é Sebastião Lazaroni, que em 1989 sucumbiu, em um torneio na Dinamarca, diante de Suécia (2 a 1) e dos anfitriões (6 a 0), e em um amistoso contra a Suíça (1 a 0).
Se Diniz perder da Argentina, manchará seu currículo ao se tornar o primeiro técnico a registrar três derrotas consecutivas com a seleção brasileira em partidas por competição –nesse caso, as Eliminatórias.