Joe Biden e Donald Trump venceram com facilidade as primárias dos seus respectivos partidos no estado de Michigan nesta terça-feira (27), segundo projeções, dando mais um passo em direção a um confronto direto pela Presidência dos Estados Unidos em novembro. Entretanto, o presidente democrata enfrentou uma forte campanha de voto de protesto contra a política externa dele na Faixa de Gaza e o forte apoio à ação militar de Israel.
Na primária do Partido Democrata, Biden concorria apenas com o candidato nanico Dean Phillips, deputado por Minnesota. Mas os votos em branco tinham atingido 15% até a publicação desse texto —Biden marcou 78% dos votos. O número expressivo é resultado de uma campanha liderada por eleitores muçulmanos e árabe-americanos de Michigan, que tinham pedido o voto em branco como forma de pressionar Biden a apoiar um cessar-fogo em Gaza.
Do lado republicano, Trump derrotou a única rival ainda na disputa, a ex-governadora da Carolina do Sul Nikki Haley, obtendo cerca de 65%. Haley já havia sofrido uma derrota expressiva no estado natal no último sábado (24), quando Trump a derrotou com uma vantagem de cerca de 20 pontos percentuais. Ela diz, no entanto, que vai continuar na disputa até pelo menos a Super Terça, em 5 de março, quando ocorrem várias primárias estaduais em um único dia.
Com isso, a escolha de Biden e Trump como indicados dos seus partidos para concorrer à Presidência em 2024 é praticamente uma certeza.
Apesar das primárias sem surpresas, Michigan, cuja cidade mais populosa é Detroit, é um estado crucial na disputa presidencial nos EUA. Isso porque é um estado-pêndulo, ou seja, republicanos e democratas já levaram os seus 16 delegados em disputa no colégio eleitoral nas últimas eleições.
Em 2020, Biden venceu no estado por apenas pouco mais de dois pontos percentuais —em 2016, contra Hillary Clinton, Trump foi vitorioso com a margem diminuta de 0,23%. Antes disso, o último republicano a vencer no estado foi George H. W. Bush, em 1988.
Dessa forma, o estado deve receber bastante atenção de Trump e Biden neste ano. Para o presidente, como mostraram os números nesta terça, deve ser onde ele será mais cobrado por sua decisão de apoiar fortemente Israel na guerra contra o Hamas, apesar da destruição e morte de civis em Gaza —Michigan tem uma população muçulmana e árabe-americana expressiva.
Também de olho nesse público, Biden tem endurecido a retórica contra Israel gradualmente, dizendo que Tel Aviv não tem apoio americano no momento para invadir Rafah, a cidade no sul de Gaza onde metade da população do território palestino se concentra. O democrata também passou a falar em um cessar-fogo, dizendo na segunda (26) que espera que um acordo desse tipo seja finalizado até a próxima semana.
Apesar disso, permanece inalterada a política de forte apoio tanto diplomático, ao vetar até agora três resoluções por um cessar-fogo no Conselho de Segurança da ONU, quanto militar, com envio de armas e munições e pedidos por mais auxílio para Israel no Congresso.