O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ecoou nesta quinta-feira (13) as declarações feitas por autoridades de Israel de que o Hamas é o principal obstáculo para a implementação de um cessar-fogo na Faixa de Gaza. A medida, que prevê ainda a troca de reféns, foi apresentada por Washington e aprovada nesta semana pelo Conselho de Segurança da ONU.
“Apresentei uma proposta que foi respaldada pelo Conselho de Segurança, pelo G7 [grupo das principais economias do mundo] e pelos israelenses. O maior obstáculo até agora é o Hamas, que se recusa a assinar [o acordo]”, disse o presidente aos jornalistas na cúpula do G7, que está sendo realizada na Itália.
Trata-se de mais um capítulo no conflito de versões que permeia a guerra entre Israel e o Hamas. Na terça (11), líderes do grupo terrorista haviam dito que a facção estava disposta a aceitar o plano e pronta para negociar os detalhes. Já na quarta (12), Osama Hamdan, um dos porta-vozes da organização, acusou Tel Aviv e Washington de “fugirem de qualquer compromisso” para estabelecer um cessar-fogo permanente.
Enquanto o impasse continua, as forças de Israel mantém as ofensivas no território palestino. Moradores de Gaza afirmaram nesta quinta que Israel atacou Al-Awasi, região costeira lotada de refugiados e designada como “zona segura” por Tel Aviv.
O Exército israelense negou, em comunicado, que tenha atingido a área, que fica a oeste da cidade de Rafah, ou lugares próximos a ela. Segundo as forças, as operações desta quinta visavam a eliminar as últimas unidades de combate do Hamas que restariam na cidade do sul de Gaza e foram conduzidas com base em informações de inteligência.
A mais recente proposta para cessar-fogo aprovada pela ONU foi apresentada no final de maio pelos EUA e propõe uma trégua de três fases.
Na primeira, haveria um cessar-fogo completo por seis semanas, Israel retiraria todas as tropas das áreas habitadas da Faixa de Gaza, e reféns sequestrados pelo Hamas nos ataques de 7 de outubro seriam libertados em troca da soltura de centenas de prisioneiros palestinos. Ao mesmo tempo, passaria a haver um fluxo de 600 caminhões de ajuda humanitária entrando em Gaza por dia, de acordo com Biden.
Na segunda fase, o Hamas e Israel negociariam um fim permanente para a guerra, e o cessar-fogo continuaria em vigor durante essas negociações. Esse ponto contraria aquele que tem sido o principal mantra de Netanyahu e da cúpula do gabinete de guerra israelense desde o início do conflito —de que a guerra só terminaria com a destruição completa do Hamas e com a erradicação de seu controle político e militar sobre Gaza. A terceira fase consistiria de um plano de reconstrução do território palestino.
Biden está na Itália para a cúpula do G7. No evento, o americano se encontrou com seu homólogo da Ucrânia, Volodimir Zelenski. Os líderes assinaram um acordo de segurança bilateral válido por dez anos com o objetivo de reforçar a defesa ucraniana contra as forças russas e aproximar o país do Leste Europeu da adesão à Otan, a aliança militar ocidental liderada por Washington.