O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, 81, atribuiu nesta terça-feira (2) seu mau desempenho no debate contra o republicano Donald Trump ao cansaço acumulado pelas viagens internacionais. Segundo o democrata, a justificativa “não é uma desculpa, apenas uma explicação”.
Biden afirmou que as “viagens pelo mundo todo” nos dias que antecederam o evento, ocorrido na última quinta-feira (27), não foram uma estratégia “muito inteligente”. “Não dei ouvidos à minha equipe e quase dormi no palco”, afirmou ele durante comício com a presença de doadores perto de Washington.
Após a enxurrada de críticas contra Biden por sua performance no encontro, a campanha democrata havia admitido que o atual presidente teve uma “noite ruim” e divulgado que ele estava resfriado. As viagens, porém, não tinham sido mencionadas como justificativas para o mau desempenho.
Com voz rouca e performance vacilante e confusa em muitos momentos do debate, Biden foi encurralado pela retórica enérgica de Trump em temas-chave para o eleitorado americano, como migração, guerras nas quais os EUA se envolveram nos últimos anos, a gestão da pandemia de coronavírus e o aborto.
O presidente americano esteve na França de 5 a 9 de junho em uma visita de Estado e para participar das cerimônias de celebração dos 80 anos do Dia D, a invasão da Normandia pelas forças aliadas ocidentais que liberou o país europeu do jugo nazista
De 12 a 14 de junho, Biden viajou à Itália para participar da cúpula do G7. Em seguida, ele fez uma viagem de campanha à Califórnia, na costa oeste dos EUA.
O democrata reservou seis dias para se preparar ao debate com os seus assessores na residência presidencial de Camp David, perto de Washington, período durante o qual não realizou quaisquer atividades públicas.
Biden já havia reconhecido a performance ruim no debate um dia após o embate, em comício na Carolina do Norte, mas se reafirmou como candidato apesar da pressão feita até por aliados para que desista da disputa.
“Eu sei que não sou um homem jovem. Isso é óbvio. Eu não ando tão bem, não falo tão bem, não debato tão bem quanto eu debatia, mas sei como falar a verdade. Sei diferenciar o certo do errado, sei fazer esse trabalho”, disse na ocasião, sob aplausos de apoiadores.
Para 72% do eleitorado, o atual presidente não deveria concorrer à reeleição, segundo pesquisa divulgada no último domingo (30) pela CBS News —um aumento de nove pontos percentuais em relação a fevereiro deste ano.
O levantamento, feito em uma parceria da emissora com a empresa YouGov, tem uma margem de erro de 4,2 pontos percentuais e entrevistou 1.130 pessoas de sexta-feira (28) a sábado (29) —ou seja, após o criticado desempenho de Biden no debate contra seu provável rival nas eleições de novembro.
A principal razão para querer a desistência de Biden é a idade, tema que se tornou tão central quanto economia e migração na eleição americana deste ano, disputada pelos dois candidatos à Presidência mais velhos da história dos EUA. Essa foi a justificativa de 86% daqueles que são contra a candidatura do democrata, à frente das decisões que ele pode tomar no gabinete, escolha de 71%.