Um estudo do Banco Mundial lançado nesta quarta-feira afirma que a economia brasileira deve crescer 1,7% em 2024. O percentual é menor do que a estimativa para 2023, de 2,9%, e mais baixo do que o esperado para 2025, de 2,2%. Os dados são da equipe do economista-chefe para a América Latina e o Caribe, William Maloney.
A expectativa de crescimento para a economia da região, de 1,6% em 2024, é semelhante à brasileira. Para 2025 e 2026, espera-se um crescimento do Produto Interno Bruto, PIB, de 2,7% e 2,6%, respectivamente. Comparados com as demais regiões do mundo, esses percentuais são os mais baixos e considerados insuficientes para impulsionar a prosperidade das famílias.
Obstáculos persistentes
Segundo o novo relatório do Banco Mundial, o crescimento econômico da América Latina e do Caribe estagnou porque a região não enfrentou os obstáculos persistentes que bloqueiam seu potencial. Entre eles, estão os baixos níveis de educação, a infraestrutura precária e os altos custos de investimento, que também alimentam o descontentamento social.
Sem solucionar esses problemas, a região deixará de atrair investimentos e aproveitar novas oportunidades, como a economia de baixo carbono ou o nearshoring, que consiste em levar a produção para mais perto dos mercados onde os produtos serão vendidos. O estudo defende a melhoria dos sistemas de concorrência para impulsionar as economias e beneficiar consumidores e empresas.
O ambiente de negócios da América Latina e do Caribe é marcado por um forte contraste entre algumas grandes empresas que dominam os mercados e inúmeras pequenas empresas. Atualmente, 70% dos trabalhadores são autônomos ou trabalham em empresas com menos de 10 funcionários, dedicando-se, em sua maioria, a atividades de baixa produtividade.
Influência de empresas poderosas
Apesar da presença de agências de concorrência em muitos países da América Latina e do Caribe, a aplicação das leis é considerada frágil pelo Banco Mundial. Isso porque muitas agências não têm recursos financeiros ou não dispõem de pessoal suficiente. Empresas poderosas geralmente influenciam as políticas governamentais, prejudicando a eficácia das leis de concorrência.
Tais fatores criam um ciclo em que poucas grandes companhias influenciam os mercados, e as empresas em geral têm pouco incentivo para inovar.
Para melhorar as estruturas de concorrência e fortalecer a América Latina e o Caribe no mercado global, o relatório sugere algumas ações. Entre elas, fortalecer os órgãos de concorrência, apoiar políticas de inovação e aumentar as habilidades gerenciais da força de trabalho.
Apresentação: Mariana Ceratti, do Banco Mundial Brasil