O Programa Mundial de Alimentos, PMA, anunciou que vai realizar operações adicionais de auxílio para chegar a até 3 milhões de pessoas na Etiópia nas próximas semanas. Mais de 2 milhões de beneficiários são de Tigray, no norte.
A piora da situação da segurança alimentar é uma preocupação da agência da ONU na região marcada pela fome severa. O PMA destaca que as operações são essenciais num momento em que o conflito no Sudão gera mais refugiados.
Programa de auxílio alimentar
A previsão é que o território etíope receba mais 200 mil sudaneses neste ano. A situação poderá colocar pressão tanto sobre o programa de auxílio alimentar como nas comunidades anfitriãs.
As operações acontecem numa altura em que reservas alimentares chegaram ao limite e precisam de US$ 142 milhões para reposição. A meta é alcançar as pessoas mais vulneráveis até junho e dar resposta à seca em grande escala.
A agência alertou que sem o valor necessário deverá interromper a distribuição de alimentos em abril.
Cerca de 8 milhões deslocados do Sudão
Recentemente, o alto comissário da ONU para os Refugiados esteve no país que acolhe quase 8 milhões deslocados do vizinho Sudão. Ele destacou que a Etiópia carece de mais apoio urgente para satisfazer suas necessidades.
Filippo Grandi manteve contato com mais de 20 mil refugiados e requerentes de asilo que estão atualmente alojados no centro de trânsito de Kurmuk.
Desde abril de passado, mais de 100 mil pessoas atravessaram a fronteira do Sudão para a Etiópia, incluindo perto de 47 mil refugiados e candidatos a asilo. Estes somaram-se aos cerca de 50 mil sudaneses que já se encontravam no país.
Recursos para a resposta humanitária
Grandi também destacou o impacto da diminuição dos recursos para a resposta humanitária, particularmente na saúde e na educação.
A Etiópia registra surtos ativos de cólera e representa alto risco de propagação para outros países, tal como cinco nações africanas. A ameaça aumenta com a época chuvosa, que marca o pico de transmissão da doença, além de fatores como alterações climáticas e conflitos.
O território etíope acolhe uma das maiores populações de refugiados e deslocados internos do mundo. O terceiro maior país anfitrião em África alberga cerca de 1 milhão de refugiados, principalmente do Sudão do Sul, da Somália, da Eritreia e do Sudão.
Cerca de 3,5 milhões de etíopes foram obrigados a fugir de suas casas para outras regiões do país, segundo a Agência da ONU para Refugiados, Acnur.