O Escritório da ONU para a Assistência Humanitária, Ocha, revelou que acontecem novos confrontos e uma escalada sem precedentes da violência no Mali após a saída da Missão de Paz da ONU em 31 dezembro.
O receio é que ataques contra civis, no norte e centro do país, não somente permitam a entrada de novos grupos armados, mas agravem e propaguem o conflito resultando em graves consequências humanitárias.
Cidades cercadas
A presença de ONGs reduziu em algumas áreas devido a fatores como insegurança e restrições operacionais.
Os relatos indicam que desde agosto de 2023, grupos armados têm bloqueado as principais rotas de abastecimento com o cerco imposto a cidades como Tombuctu, Gao e Ménaka. Apesar da situação, agências de ajuda conseguiram alcançar 1,8 milhões de pessoas com auxílio hmanitário no Mali.
A Ocha lembra que a continuidade da resposta requer apoio urgente a questões como logística, ação anti-minas e segurança, além de serviços críticos que eram prestados em partes do país pela Missão da ONU no Mali, Minusma.
O impacto dos riscos ligados ao clima e das crises política e socioeconômica também afetam os mais vulneráveis.
Plano Humanitário
O plano de resposta humanitária 2024 da ONU para o Mali poderá ser conhecido até final de janeiro, refletindo as necessidades prioritárias urgentes do país em cerca de US$ 700 milhões. A redução é de 10% em relação a 2023.
Estima-se que 8,8 milhões de pessoas vão necessitar de assistência humanitária este ano. Em 2023, a insegurança alimentar afetou 2,3 milhões de pessoas e a necessidade de cuidados de saúde de emergência afetou cerca de 5,1 milhões. Desse total, pelo menos 3,2 milhões são crianças.
A cobertura vacinal de rotina foi de 77% e 32 dos 75 distritos sanitários do país notificaram casos de sarampo. A ONU quer manter a ajuda ao desenvolvimento e os programas de coesão social para ajudar as comunidades a avançar e evitar que aumentem as necessidades humanitárias.
O foco da ação do Fundo da ONU para a Infância, Unicef, no Mali tem sido a prestação contínua de serviços sociais básicos e o reforço dos sistemas nacionais.
Saúde e desenvolvimento
Com um plano de resposta de US$ 133,5 milhões, a agência quer cobrir as necessidades críticas imediatas de 3,3 milhões de crianças mais vulneráveis no país.
Dados apontam que 1.545 escolas do Mali foram encerradas em junho de 2023 devido à insegurança, ataques às infraestruturas e ao pessoal educativo. A situação privou mais de 460 mil crianças do acesso à escola e afetou mais de 9 mil professores.
Entre janeiro e março do ano passado, o Mali registrou 260 violações graves contra crianças em quatro regiões e os riscos de exploração e abuso sexual contra mulheres e crianças permaneciam altos.
A situação é acompanhada pela exposição aos riscos de separação familiar, violência no gênero e recrutamento de menores para integrar forças ou grupos armados.
O Mali está na categoria de alto risco do índice de ameaça climática infantil. Estima-se que 3,2 milhões de pessoas, incluindo 1,7 milhões de crianças, não tenham acesso a água potável e instalações sanitárias no Mali.