Israel continuou com sua ofensiva aérea e terrestre na Faixa de Gaza nesta sexta-feira (29), deixando dezenas de palestinos mortos, segundo autoridades de saúde local. Combates continuam também nas proximidades do principal hospital da Cidade de Gaza, o Al-Shifa, segundo autoridades dos dois lados do conflito.
Autoridades de saúde palestinas relatam dois ataques israelenses no subúrbio de Al-Shejaia, no leste da Cidade de Gaza, que deixaram 17 mortos, enquanto um ataque aéreo em uma casa no campo de refugiados de Al-Maghazi, na região central do território, matou 8 pessoas. Outro bombardeio a uma casa em Rafah na noite de quinta-feira (28) matou 12 palestinos.
O escritório de mídia controlado pelo Hamas em Gaza afirma que ao menos 10 policiais, encarregados de garantir a chegada de ajuda humanitária a deslocados no norte de Gaza, estão entre os mortos em Al-Shejaia.
O Exército de Israel diz que suas forças continuam as operações em torno do complexo hospitalar Al-Shifa “mitigando danos a civis, pacientes, equipes médicas e equipamentos médicos”. As forças de Tel Aviv relatam ainda que mataram combatentes do grupo terrorista e localizaram armas e infraestrutura militar nas últimas 24 horas.
O Al-Shifa, o maior hospital da Faixa de Gaza antes do início da guerra, era uma das poucas instalações de saúde parcialmente em operação no norte de Gaza antes da invasão israelense nas últimas semanas e também abrigava civis deslocados pelo conflito.
O Exército de Israel realiza ainda incursões em outras áreas do centro e do sul do território palestino, incluindo Khan Yunis e Al-Qarara, onde as tropas trocaram tiros com integrantes do Hamas. O Hamas afirma que seus combatentes atacaram as forças israelenses perto do hospital Nasser, em Khan Yunis, mais um dos hospitais bloqueados por Tel Aviv.
No extremo sul da Faixa, Israel segue com seu bombardeio em Rafah, cidade superlotada por deslocados palestinos onde mais da metade dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza se abrigam —e único grande centro urbano em que Tel Aviv não invadiu com tropas.
Mais de 32.600 palestinos foram mortos na ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza desde 7 de outubro, data em que terroristas do Hamas invadiram território israelense, mataram cerca de 1.200 pessoas e sequestraram mais de 250.
Nesta quinta, a Corte de Haia ordenou por unanimidade que Israel tome todas as medidas necessárias para garantir o fornecimento básico de alimentos à população de Gaza e interromper o aprofundamento da fome no território.
“A ordem vinculativa renovada da Corte Internacional de Justiça (CIJ) ontem é um lembrete contundente de que a catastrófica situação humanitária na Faixa de Gaza é produzida pelo homem e está piorando. No entanto, ela ainda pode ser revertida”, afirmou Philippe Lazzarini, chefe da agência de refugiados palestinos da ONU, a UNRWA, no X.
“Isso significa que Israel deve reverter sua decisão, permitir que UNRWA chegue ao norte de Gaza com comboios de alimentos diariamente e abrir passagens terrestres adicionais”, acrescentou Lazzarini, em referência ao fato de que Israel havia informado no início da semana que não aprovaria a entrada de novos lotes de alimentos.
Na segunda-feira (25), o Conselho de Segurança da ONU aprovou a primeira resolução que demanda um cessar-fogo imediato em Gaza, além da libertação imediata de todos os reféns em posse do Hamas.
A medida, após diversos textos vetados por Estados Unidos, Rússia e China, não tem sido respeitada por Israel. Embora sejam vinculativas, ou seja, obrigatórias, o texto não contém consequências para o caso de não serem respeitadas as determinações da resolução —para isso, seria necessária a aprovação, portanto, de nova medida.
Alguns dos integrantes, notadamente os EUA, que se abstiveram na votação, interpretam a resolução como não vinculativa por conta da linguagem do texto, algo que é rejeitado por adversários de Washington no Conselho.