As Nações Unidas condenaram o ataque que no último sábado deixou pelo menos 97 civis mortos e feridos na cidade de Al-Fasher, estado sudanês de Darfur do Norte.
Em confrontos entre o Exército sudanês e as Forças de Apoio Rápido, RSF, foram atacadas áreas residenciais do centro urbano que é tido como essencial para ajuda humanitária. O local também registra casos de fome severa e está entre os mais afetados pela guerra de 15 meses.
Estimativa de vítimas
Em nota emitida nesta segunda-feira, a coordenadora humanitária da ONU para o Sudão, Clémentine Nkweta-Salami, refere que a estimativa de vítimas foi feita após o ataque a um hospital, áreas residenciais e um mercado de gado.
Ainda nesta segunda-feira, o Conselho de Segurança acompanhará um informe sobre a situação sudanesa.
Nkweta-Salami disse estar “profundamente triste” com o que chamou de ataques horríveis a cidadãos e infraestrutura civil, como hospitais, apartamentos e mercados. Ela destaca que o tipo de infraestrutura nunca deve ser um alvo de ataques e tem proteção de acordo com o direito humanitário internacional.
Os combates e bombardeios na cidade de Al-Fasher agravaram-se nos últimos dois meses. Agências de notícias citam testemunhas relatando bombardeios pesados de artilharia que provocaram danos significativos em áreas residenciais.
Região na iminência da fome
Em 10 de maio foi registrada a piora do conflito, quando eclodiram confrontos pelo controle de Al-Fasher. Estima-se que milhares de civis ficaram isolados na cidade, exacerbando a crise humanitária na região já à beira da fome.
Acima de 18,8 mil pessoas foram mortas e mais de 33 mil ficaram feridas após o início do conflito em abril do ano passado. O resultado foi aproximadamente 10 milhões de pessoas que fugiram de suas casas, sendo mais de metade crianças. Mais de 2 milhões de sudaneses cruzaram a fronteira para os países vizinhos.
Em 14 de agosto espera-se que inicie o diálogo entre as partes mediado pela ONU em Genebra, após uma resolução do Conselho de Segurança que no mês passado pediu o fim do cerco a Al-Fasher e o fim dos confrontos.
A chefe humanitária reiterou que as Nações Unidas no Sudão condenam com veemência os “ataques indiscriminados” ao prestar solidariedade às famílias que perderam seus entes queridos.
Aumento do acesso humanitário e do financiamento
Para Nkweta-Salami, o incidente em Al-Fasher pegou muitos civis de surpresa, pois a cidade vivia em calma relativa por cerca de duas semanas. O período permitiu a reabertura dos mercados e a retoma de meios de subsistência.
A coordenadora destaca ainda que esta retomada e outras atividades econômicas, incluindo o acesso humanitário e o aumento do financiamento, são essenciais para que o Sudão evite a ameaça iminente de fome.
O país africano vem enfrentando os piores níveis de insegurança alimentar aguda em sua história. Mais de metade da população sudanesa, ou 25,6 milhões de pessoas, enfrenta fome aguda.
A comunidade humanitária estima ainda que mais de 8,5 milhões de pessoas enfrentem níveis de emergência de fome e acima de 155 mil sobrevivem em condições catastróficas.