Na data que marca um ano dos ataques do Hamas contra Israel, diversas agências da ONU emitiram notas sobre o episódio trágico.
O Escritório para a Assistência Humanitária, Ocha, disse que foi um ano de “sofrimento inimaginável”, após o “ataque mais mortal da história de Israel, um evento horrível que prenunciou a devastação provocada pela resposta israelense”.
Brutalidade “impossível de compreender”
O coordenador especial da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, chamou os ataques do Hamas de “repugnantes”. Para Tor Wennesland, o dia 7 de outubro “deixou cicatrizes profundas nos indivíduos, nas famílias e na memória coletiva do Estado de Israel e do mundo”. Segundo ele, mesmo um ano depois, a “brutalidade é impossível de compreender”.
Em nota, a Organização Mundial da Saúde, OMS, afirmou que as atrocidades desencadearam uma crise de saúde mental.
Os socorristas da linha de frente foram os primeiros a comparecer às cenas do ataque. Eles testemunharam em primeira mão a carnificina e o horror e foram fortemente afetados pelo que viram.
Crise de saúde mental
A experiência fez com que a insônia, o transtorno de estresse pós-traumático, a depressão e a ansiedade aumentassem, com um efeito cascata que impactou suas famílias e seus locais de trabalho. A OMS apoia um projeto que oferece apoio de saúde mental a esses profissionais.
De acordo Israel, mais de 1,2 mil israelenses e estrangeiros foram mortos naquele dia, incluindo crianças, e quase 5,5 mil ficaram feridos.
Dezenas de reféns permanecem em Gaza, supostamente submetidos a tratamento desumano, incluindo violência sexual, e sem acesso a assistência humanitária ou visitas do Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
Comunidades israelenses inteiras foram deslocadas, vivendo sob a constante ameaça de disparos indiscriminados de foguetes.
Sofrimento nos Territórios Palestinos Ocupados
Em Gaza, onde os palestinos já lidavam com o impacto de um bloqueio aéreo, marítimo e terrestre de 17 anos e repetidos ciclos de violência, as operações militares israelenses resultaram em uma catástrofe.
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 41 mil palestinos foram mortos, sendo grande parte mulheres e crianças, e 96 mil feridos. Milhares de pessoas estão desaparecidas e acredita-se que estejam presas sob os escombros.
Quase toda a população de Gaza foi deslocada, muitos deles várias vezes, sem um lugar seguro para ir. Milhares de palestinos são detidos arbitrariamente, supostamente submetidos a tortura e outros tratamentos desumanos e sem informações sobre seu paradeiro.
Ainda segundo o Ocha, na Cisjordânia, o uso de força letal pelas forças israelenses, juntamente com a violência desenfreada dos colonos e a demolição de casas, levaram a um aumento acentuado de mortes, destruição generalizada e deslocamento forçado.
Tragédia “implacável”
A subsecretária-geral interina e coordenadora de ajuda emergencial, Joyce Msuya, reafirmou que “os reféns devem ser libertados e tratados com humanidade e os civis devem ser protegidos e suas necessidades essenciais atendidas”.
Ela ressaltou que “foram 12 meses de tragédia implacável e isso deve acabar”. Msuya adionou que “nenhuma estatística ou palavra pode transmitir totalmente a extensão da devastação física, mental e social que ocorreu”.
No ano passado, Israel bloqueou o acesso humanitário a Gaza e dentro do território prejudicando as operações de ajuda. Como resultado, uma população enfraquecida é deixada para combater doenças, fome e morte.
Local mais perigoso para trabalhadores humanitários
Mais de 300 trabalhadores humanitários, a grande maioria da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados da Palestinos, Unrwa, foram mortos em Gaza. O total supera o de qualquer outra crise, tornando Gaza “o lugar mais perigoso para os trabalhadores humanitários”.
Apesar dos imensos riscos, incluindo violência, pilhagem de suprimentos e desafios de acesso, as agências humanitárias continuam a fornecer ajuda quando e onde podem.
Mais de 560 mil crianças foram vacinadas contra a poliomielite durante a primeira fase de uma campanha de vacinação de emergência.
A agência considera que este seja um dos poucos exemplos do que pode ser alcançado quando os funcionários de auxílio podem alcançar as pessoas necessitadas.