Um ataque aéreo na cidade russa de Belgorod matou dez pessoas, incluindo uma criança, e feriu outras 45 neste sábado (30), de acordo com o Ministério de Emergências da Rússia. A ação ocorre um dia após uma das maiores ofensivas aéreas russas na Ucrânia, que deixou 39 mortos e dezenas de feridos —Kiev não comentou sobre o ataque deste sábado.
O governador regional de Belgorod, Viacheslav Gladkov, afirmou que uma área residencial foi atingida e, em uma postagem no Telegram, pediu a todos os moradores que fossem a abrigos antiaéreos enquanto sirenes soavam pela cidade.
A região de Belgorod, que faz fronteira com o norte da Ucrânia, assim como outras zonas fronteiriças russas, sofreu bombardeios e ataques de drones ao longo do ano, que o Kremlin e autoridades regionais atribuem a Kiev.
Imagens publicadas pela agência de notícias estatal RIA mostram pelo menos três carros em chamas, e outras imagens postadas online mostraram uma coluna de fumaça escura na cidade.
Dois moradores disseram à agência Reuters que viram mísseis de defesa aérea subindo ao céu, seguidos por impactos no ar e, em seguida, explosões mais altas.
O jornal Kommersant citou uma pessoa próxima ao Comitê de Investigação Russo, dizendo que mísseis disparados de um lançador de foguetes na região de Kharkiv, na Ucrânia, atingiram uma pista de patinação na praça da Catedral, um centro comercial, prédios residenciais e um carro na cidade russa alvo.
Alexander Bogomaz, governador da região de Bryansk, que também faz fronteira com a Ucrânia, disse no sábado que uma criança foi morta em ataques a “objetos civis” em duas localidades, sem especificar quando os ataques ocorreram.
No dia anterior, o Ministério da Defesa da Rússia disse que suas unidades antiaéreas haviam destruído 13 foguetes ucranianos sobre a região de Belgorod, e Gladkov afirmou que uma pessoa havia sido morta e quatro haviam ficado feridas.
Não houve comentários de Kiev, que raramente assume a responsabilidade por ataques em território russo, sobre os ataques deste sábado.
O veículo de notícias ucraniano RBC-Ucrânia afirmou, no entanto, citando fontes anônimas militares, que as Forças Armadas do país atingiram alvos militares em Belgorod em resposta ao bombardeio russo de cidades ucranianas nesta sexta-feira (29), que deixou 39 mortos em diversas cidades e na capital, Kiev, segundo informações atualizadas neste sábado pelo presidente Volodimir Zelenski.
A ofensiva aérea de Moscou nesta sexta-feira na Ucrânia foi a maior em mais de um ano de conflito no Leste Europeu. De acordo com a Força Aérea ucraniana, foram identificados 158 armamentos utilizados, dos quais 114 teriam sido abatidos. O Kremlin, por sua vez, afirmou por meio de seu Ministério da Defesa que havia “alcançado todos os seus objetivos”.
Kiev relata que o ataque russo começou de madrugada com 36 drones kamikaze Shahed-136, de fabricação iraniana, vindos do norte e do sudeste —27 deles teriam sido destruídos.
Em seguida, entre 3h e 6h da manhã no horário local (22h de quinta e 1h de sexta, no horário de Brasília), 18 bombardeiros estratégicos Tupolev Tu-95 foram empregados para lançar ao menos 90 mísseis de cruzeiro das famílias Kh-101, Kh-55 e Kh-555, uma versão atualizada do anterior, subsônicos e de fabricação soviética. Desses, 87 teriam sido abatidos.
A região de Kharkiv (leste) foi atingida por ao menos 14 mísseis de cruzeiro lançados da Crimeia e das regiões russas de Kursk e Belgorod. Os militares ucranianos afirmam ainda que Moscou empregou cinco jatos MiG-31, que atingiram alvos com cinco mísseis hipersônicos Kinjal, e mais cinco mísseis usados por aeronaves Su-35.
Pelas contas de projéteis identificados e abatidos pelos militares ucranianos, 9 drones, além dos 14 mísseis de cruzeiro, os 5 hipersônicos Kinjal e os 5 utilizados pelos jatos Su-35 atingiram os alvos em terra.
Ao menos 159 ficaram feridas, e houve danos a uma maternidade na cidade de Dnipro e a prédios residenciais em Lviv (oeste), próxima à fronteira com a Polônia, assim como a construções no porto de Odessa (sul) e na cidade de Kharkiv (nordeste). As regiões de Donetsk e de Zaporíjia, ambas no leste —a última, lar da maior usina nuclear do mundo—, também foram atingidas.